No Asa Branca.

No Asa Branca.

Chegava a noite, morna, no sertão do Ceará e o trem de luxo, o “Asa Branca” corria de Fortaleza para o Recife. No último carro a viajado viajante José, na cabine nove, sorriu e pensou. Vou arrumar alguém nesse trem para me acompanhar essa noite. No carro-restaurante a galega; cabelo amarelo e olhos azuis. Boa. Boa. Licença? Senta. Meu nome é José estou indo para o Recife. Meu nome é Maria e estou viajando no último carro na cabine cinco... Também, estou viajando no último carro e na cabine nove... Jantamos? Sim. Cerveja ou cajuína?... Os dois retornando para o último carro e o viajado viajante José falou:

-Acho que vou dormir na cabine cinco.

A viajante Maria, sacudiu o dedo e respondeu:

-Na cabine cinco é proibido entrar ...

Na noite escura o “Asa Branca” corria em direção a Paraíba. Com uma garrafa de cajuína na mão a viajante Maria bateu na cabine nove.

José acordou com o sol batendo no seu rosto. A zoada do trem. Tonto. Onde estou? Cabeça doendo, deitado nu. A janela do carro aberta. Minha roupa? A mala? Nem um lençol para se enrolar. Abriu uma fresta da porta e chamou o Cabineiro do trem:

-Ei! E a moça da cabine cinco?

-Aquela já desceu do trem lá em Sousa...

Zésouza
Enviado por Zésouza em 23/12/2018
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