Depois do amor

Ela chegou de mansinho, como quem não quer nada. Seus passos no tapete, quase imperceptíveis...

Ele se apercebera de sua presença - talvez pelo perfume, talvez pelo vibrar energético do palpitar apressado de seu coração. Percebeu-a, mas não fizera nenhum movimento, para não desmanchar a magia daquele momento.

Suas almas encontraram-se antes de se tocarem.

Momento de suave enlevo. Palavras... pra que? Suas almas se entendiam perfeitamente.

Corpos se aproximando, languidamente, lábios se tocando suavemente, mãos se acariciando intermitentemente, braços se envolvendo intensa e apaixonadamente.

Explosão de paixão incontida, na volúpia do momento, tão ansiosamente esperado e tão intensamente vivido.

Já não são dois corpos separados, fundidos que estão, mixando calores e sensações, transformados em um único ser, em frenéticos e ritmados movimentos de volúpia amorosa. Corações batem descompassadamente, numa contínua e crescente ânsia que vai findar-se num espasmo de prazer. Os corpos exauridos, desmoronam inertes, no branco lençol - testemunha silenciosa e cúmplice desse momento tão especial.

Após o amor, o descanso tranqüilo. O arfar cada vez mais compassado e lento dos corpos cansados, ainda unidos mas, agora inertes, megulhados numa atmosfera de paz e tranqüilidade. Palavras são ainda desnecessárias - entrosamento perfeito de corpos e de pensamentos. O amanhã incerto não os preocupa. A felicidade faz pousada em seus corações. Suas auras estão mescladas, constituidas que são, de uma mesma essência. Comunhão total e absoluta.

Imobilizada pelo peso do silêncio, ela descerra vagarosamente os olhos. Contempla, tristemente, a cama vazia. Suspira, resignadamente e volta a refugiar-se nos seus inconseqüentes devaneios...