A conversa que durou uma eternidade. (Micro-conto)

Quando eu tinha 5 anos de idade, de vez em quando, nos fins de semana, a minha mãe (In Memorian) me levava ao supermercado. Um dia, voltando do supermercado, eu e minha mãe encontramos uma amiga dela na rua da nossa casa. Como inevitavelmente aconteceria, as duas começaram a conversar. A conversa durou tanto tempo, que eu estava doido pra ir pra casa. Quando finalmente a conversa estava para terminar, a minha mãe disse à amiga dela:

- Foi um prazer te encontrar.

- Que nada! O prazer é meu!

As duas ficaram naquela agonia de:

- O prazer é meu.

- Não senhora, o prazer é meu.

- Não! O prazer é meu!

- De jeito nenhum! O prazer é meu!

- Não mesmo! O prazer é meu!

Eu estava vendo a hora das duas saírem no soco pra ver de quem era prazer, no final das contas. Com minha cabecinha de menino de 5 anos de idade, eu pensei que o “prazer” seria um objeto qualquer dentro da sacola de compras da minha mãe. E eu, louco pra chegar em casa, disse à minha mãe:

- Deixa o prazer pra ela mãe! Vamos pra casa! Depois você compra outro!

As duas caíram na gargalhada. Então a minha mãe disse:

- Deixa eu ir lá, que ele quer ver desenho na TV. Tchau

- Tchau, Dona Luisa.

E assim terminou a conversa mais demorada que eu já vi da minha falecida mãe quando eu era criança.

Eduard de Bruyn
Enviado por Eduard de Bruyn em 20/01/2019
Código do texto: T6555208
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