Um café para dois

Eu ainda faço café para dois. O que era apenas uma obrigação trazida pelo hábito e pelo tempo ficou como uma prece a ser feita diariamente. Não sei mais fazer um só café sem que minha mente traga você à lembrança. Na verdade, essa bebida amarga me faz recordar suas intransigências, rabugices, mas também as virtudes que, ainda que tenham sido poucas, me eram caras. E agora, sem sua presença física por aqui, o café tornou-se uma exigência que faço a mim mesma como um ritual. Amanheço, pego as duas xícaras, as mesmas, porcelana chinesa, despejo o café que libera uma pequena fumaça e aroma que aumentam a saudade de sempre.