A Sua Cara Piedade

Você pode fingir ter uma alma boa, sentimentos nobres e empatia, mas acredite, um dia a máscara cai e a sua real essência vem à tona assim como o escuro da noite dá lugar à luz dia dia.

O dia errado, o lugar errado, a hora errada e uma bala perdida.Ele estava paraplégico.Como diriam os vigilantes da vida alheia, aqueles mesmos que para se sentirem melhor consigo mesmos, gostam de ver o outro por baixo: “Coitado!” ...

Ele percebeu a piedade alheia. O olhar daqueles que gostam que existam pessoas com alguma deficiência para que possam apiedar-se delas e assim se tornarem os superiores. Ele percebeu isso e não demorou em ganhar dinheiro às custas da ignorância alheia; da tal piedade, afinal, por que uma pessoa paraplégica deveria ser “especial” ? Uma vez adaptada, ela pode ir a qualquer lugar, podem trabalhar e ao contrário do senso geral: Elas trepam e traem também.

O uso da cadeira de rodas não mudou o caráter dele, mas aflorou o que já existia de pior: a ganância.

Seus desatinos inescrupulosos viriam à tona mais cedo que se esperava: Candidatou-se a deputado.Ganhou. Desvio de verba públicas e todo tipo de negócios escuso era praticado sem a menor cerimônia, a imagem de bom moço ele já tinha, era fácil roubar os trouxas bem debaixo dos narizes deles.Quem desconfiaria de um pobre cadeirante?

No amor não foi nada diferente. Casou-se com uma morena peituda. Essa sim era “a coitada”. Agüentava todo tipo de violência física, moral e traições. A aflição e martírio dela só aumentaram quando ele trouxe a amante grávida para dentro de casa.

Uma vez ela tentou fugir de casa. Escondeu-se no iate da família. Chegou a entrar em auto-mar. Não adiantou, ele mesmo dirigiu a lancha e quando a encontrou, gritou de um auto-falante:

---- Você não consegue nem esconder esses peitos no sutiã e quer se esconder de mim! Volta agora mesmo ou mando pôr fogo nessa joça de iate. Não, fogo no iate não, isso custou milhões em desvios! Melhor! Eu mando jogar você e esses peitoes siliconados no mar! Talvez você sobreviva, silicone flutua!

Ela voltava. Quem acreditaria nela? Era ela contra um homem poderoso, corrupto, capaz de comprar desde policiais, juizes à piedade alheia.

Vocês estão esperando um final trágico para esse homem mau? Sim há um final trágico e vocês fazem parte dele: Ele tornou-se presidente da República graças a piedade alheia e uma falsa necessidade de heróis. Coisa inerente e imutável ao ser humano. E a esposa peituda infeliz? Criou uma ONG e dá palestras de como se livrar de relacionamentos abusivos. Outro dia ela foi vista palestrando com o olho roxo. Mulher azarada. Era a décima vez que ela caía da escada enquanto a máscara de seu marido - o presidente, não caía...

Carol Galvão e AArgemiro
Enviado por Carol Galvão em 25/02/2019
Código do texto: T6584006
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