café da tarde

saudades de escrever para alguém. de perder horas buscando palavrinhas chave e cativantes. agora escrevo pra mim mesma. procuro palavras que me despertem e me façam pensar e absorver o que existe.

sentamos num café ontem. um de frente para o outro. tuas mãos calejadas eu com os meus calos recentes. nossas camisetas se confundem pois são da mesma cor. e teus cabelos se tornaram ralos com o tempo, mas ainda tens o mesmo sorriso leve de sempre e aquele olhos cansados como as mãos calejadas. penso que não lembrava da última vez em que nos sentamos assim, frente a frente. e olhei nos teus olhos. mas confesso que às vezes a vergonha me toma conta e olho para o canto da parede. era marrom. e o vidro espelhado. acho que eram 18 horas da tarde e era segunda-feira. numa padaria. o céu escurecia lentamente e o vento suave batia contra a janela. comemos torta. e pensei como deve ser viver na tua pele.