Era de meninos a sua história

Liana era uma menina simples que morava no interior. Nunca tinha conhecido a capital e sonhava com o aeroporto que a levaria para conhecer Nova York, a cidade dos filmes que o pai a proibia de assistir depois das 10. Era uma aluna exemplar na escola. Já na primeira série recebeu diversas medalhas de destaque pelo aprendizado. Fazia teatro, dançava, cantava e organizava as apresentações de trabalho como se fosse uma diretora de sucesso. Aos 10 anos, decidiu aprender futebol e foi pedir ajuda aos primos e irmão que a levavam para o campo. Numa dessas partidas, no vestiário do campo aberto, Liana foi chamada por um dos primos e quando entrou teve o seu corpo todo alisado por um time inteiro, com a ajuda do irmão que também fez parte do jogo. Ela tentava fugir, mas o irmão a pressionava dizendo que se dissesse algo, iria dizer pro seu pai que ela estava andando atrás dos meninos da escola e já havia beijado todos. Liana decidiu parar de jogar bola. Ficava em casa o dia todo, até que numa tarde, sua mãe foi levar seu irmão ao médico e ela ficou com o irmão mais velho que levou os amigos para brincar. Liana foi forçada a tirar a roupa e junto a uma amiga que também estava lá, tinham que se esfregar. Eles riam e aproveitavam para acariciar as meninas com seus órgãos masculinos. Liana estava assustada, com medo e não mais queria ficar em casa sem os pais. Tinha medo do irmão que sempre a violentava, deixando marcas pelo corpo. Liana foi vivendo. Nunca contou à mãe. Até que um dia, na escola, se apaixonou por um menino que dizia gostar dela. Decidiu contar sobre a sua história e na semana seguinte o mesmo menino, junto a seus amigos, a levou para uma sala de aula vazia e começou a acariciá-la. Ela pensava que como ele gostava dela, aquilo era normal. E não hesitava e nem falava nada pra ninguém. Foi dois anos assim, até que descobriu que o Felipe tinha uma namorada e que iria ficar noivo, aos 16 anos. Quando foi perguntar ao Felipe sobre a tal história recebeu a pior notícia: eu gosto de você, mas amo a Aline. Liana foi ao fundo do poço, mas resistiu. Era virgem, aos 16 anos, mas teve seu corpo violentado por inúmeras vezes, pelos toques daqueles de quem deveria receber a segurança. De repente Liana começou a apresentar em casa atitudes estranhas. Não queria mais estar com a família e quando ia pra escola sempre pensava em sumir. Até que conheceu seu vizinho, um homem de 32 anos, que sempre era agradável e a tratava como princesa. Acima de qualquer suspeita, era o filho rico da vizinha nobre. Numa tarde o Sílvio a convidou para ir ao seu Pesque e Pague para conhecer o seu trabalho e ela pediu aos pais e foi. No caminho ele a olhava com ares de paixão e parou o carro a beijando. Ela, de novo, viu amor naqueles olhos e decidiu se deixar beijar. Ficaram por ali por quase duas horas, e as carícias pelo corpo eram inevitáveis. o homem não ultrapassou os limites, mas por um ano seguido a levava todos os fins de semana para aquele lugar ermo e a despia e tocava. Numa aula de ciências, Liana viu o seu corpo no desenho do livro e descobriu que mulheres poderiam gerar, mas não sabia como. Chegou em casa e perguntou mãe se ela já era moça. A mãe despreparada para aquela pergunta apenas disse que escondia os modess debaixo do guarda roupa. A menina não disse nada, apenas abaixou e pegou. Terminou o ensino médio e de vez em quando saia com aquele home de 332 anos que namorava a menina rica da capital, mas acabou aí. Foi para o terceiro ano e conheceu um menino que trabalhava na agricultura da família. Se envolveu novamente. Queria casar, ter filhos, morar numa casinha branca. E fizeram planos. Liana estava feliz. No seu aniversário recebeu de presente as alianças e o pedido de noivado. Já ansiosa pelo casamento, Liana ganhava presentes dos familiares para montar o enxoval. Até que numa noite, ao ir visitar a madrinha, dá de cara com o seu noivo, aos beijos na rua com outra mulher. Voltou pra casa. Quebrou o espelho e juntou todos os presentes e enxoval que havia ganhado colocou numa caixa e esperou o dia seguinte para então devolver ao Donizete. Quando ele chegou o susto: não quero mais você, não me respeitou, agora acabou. Donizete, na ânsia de resolver o problema soltou: Não é nada disso que está pensando é que sou homem e como te respeito e nunca te toquei, busquei aquela mulher para uma transa, coisa de macho, mas te amo. Ela é uma garota de vida fácil. Um turbilhão de ideias, a dor, a falta de amor, a baixo autoestima... Liana não sabia o que fazer. Era demais pra ela. Não aguentou. Terminou. Mas Liana não conseguia parar de procurar e em menos de 1 ano estava agarrada agora a um bom moço, bonito, filho de gente influente. Foram 6 meses de beijos, abraços, carinhos. Até que numa tarde, na casa do dito cujo, aconteceu de despir-se. Na sua consciência se não o fizesse estaria perdendo, de novo, o grande amor de sua vida, foi as vias de fato. As marcas no colchão e a fala ardida do homem que a fez mulher: Não parecia que era virgem. Liana agora estranha, com remorso, pensava que Deus a havia encaminhado para aquele lugar. Não sabia o que era método anticoncepcional e nunca havia falado com ninguém sobre isto, até que começou a sentir enjoos e veio o veredicto: Luana estava grávida. Passou por maus bocados. Teve que deixar os estudos para depois e foi ser mãe. Sem experiência, sem maturidade, sem cuidados passou a apanhar do companheiro que era ciumento e possessivo. Foi perseguida e por diversas vezes apanhou na rua, à luz do dia. Até que seu filho nasceu: Emanuel! Era Deus conosco. E Liana sabia exatamente o desafio que a esperava: como educar seu filho para ser diferente num mundo tão machista... Era de meninos a sua história. E isto era tudo que ela tinha...
Mônica Cordeiro
Enviado por Mônica Cordeiro em 04/03/2019
Reeditado em 16/05/2019
Código do texto: T6589640
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