Anoitecer em Tóquio

O monte Fuji impõe sua presença por detrás de prédios, a paisagem bucólica do Japão pré-guerra ficou no passado, uma metrópole moderna se apresenta a saída do aeroporto internacional de Tóquio.

Alexander não esconde sua decepção por encontrar uma nação avançada, também não esconde seu fascínio.

- O senhor verá que não existem mais samurais e gueixas andando por aí – Ayanami, sua guia sorri de maneira sarcástica.

- Estou percebendo que a imagem que eu fazia do Japão ficou nos filmes de Akira Kurosawa.

- Se o senhor tiver tempo gostaria de mostrar o abrigo mais próximo para ataques do Godzilla, pode ser importante caso ocorra um ataque no meio da noite.

- Claro, como achar melhor – Alexander estava tão impressionado com a cidade que só agora percebeu o que sua guia disse – O que?

- Brincadeira – Ayanami sorri, sem dizer mais nada chama um táxi.

Longe do aeroporto, mais especificamente na academia Nanyu, em Tóquio, os alunos almoçam, a maioria das garotas juntam suas carteiras para conversarem enquanto desfrutam do conteúdo de seu bentô; os rapazes se enfileiram no corredor com o intuito de verem as garotas passarem, alguns mais safados torcem por uma rajada de vento amigo que levante uma saia; casais aproveitam o momento para namorarem no jardim do colégio.

Mio está deitada sob uma árvore olhando para as nuvens, sua concentração é tamanha que não percebe sua melhor amiga, Yui, aproximando-se.

Malandra como de costume Yui coloca cuidadosamente um galho de árvore na orelha de Mio que pula de susto.

- O que você está fazendo Yui?

- Idiota – Yui fica de pé se espreguiçando – você é muito jovem para ficar filosofando com as nuvens. Vai criar rugas antes do tempo.

- “Filosofando com as nuvens”? O que você quer dizer com isso?

- É a sua cara Mio! Você fica o dia inteiro sozinha olhando para o nada, enquanto os homens babam em você a distância.

Envergonhada a garota abraça as pernas e enfia seu rosto entre os joelhos.

Yui percebe o que fez, sua amiga ficaria assim por muito tempo, ela deita-se na frente dela e sorri:

- Ei Mio! Eu consigo ver sua calcinha.

Ainda mais vermelha Mio ergue os olhos e vê sua amiga espiando debaixo de sua saia, a envergonhada grita, em seguida acerta um “coque” na cabeça de sua colega.

- O que você pensa que está fazendo?

- Finalmente voltou ao normal, mas não precisava me bater.

Mio fica em pé, está quase na hora de voltar para a sala, ela arruma seu uniforme.

Uma das preocupações de Mio é estar sempre arrumada e recatada como uma japonesa deve ser. Por sua vez Yui mantém a camisa para fora da saia com o primeiro botão solto e o nó da gravata desfeito. As duas garotas são tão diferentes que ninguém sabe como podem ser tão amigas.

- Ei Yui? Você já pensou em como é insignificante?

- Está me provocando?

- Não é isso. Que diferença faria se nós não existíssemos?

- Acho que nossos pais ficariam tristes.

- Isso se morrêssemos, perguntei se não existíssemos. Hoje o professor passou um formulário para nos ajudar a definir uma carreira. Fiquei pensando que diferença eu faria no mundo.

Anoitece

Alexander está em seu quarto de hotel, perante uma gigantesca janela onde admira a vista da cidade, uma música leve dá o tom de fundo, o escritor dedilha um pequeno gravador portátil. A caótica capital japonesa o seduz, mas ele tem medo de sair da segurança de seu quarto.

Amanhece

Alexander se troca, mas é obrigado a parar graças a um programa de televisão, nele a anfitriã recebe Quentin Tarantino e Brad Pitt para um café da manhã, ele não entendo os caracteres que aparecem na tela, mas imagina serem de uma rede de lanchonetes que patrocina o programa.

- Não viajei meio mundo para ver astros de Hollywood.

Ele pula de canal em canal até encontrar um concurso de gritos de colegiais. Várias alunas devidamente uniformizadas gritam tentando assustar pessoas que passam na rua. Isso sim interessa o autor.

Yui caminha rumo ao colégio quando vê Mio parada na frente de um cartaz colado na vidraça de uma livraria, seu sorriso desfaz a impressão deixada pela conversa no dia anterior.

Mio observa atenta a fotografia de Alexander ao lado de alguns kanjis explicando sobre o lançamento de seu novo livro e a tarde de autógrafos.

Yui pula sobre sua amiga a abraçando.

- Que cara séria é essa?

- Alexander está em Tóquio!

- Quem está aonde?

- Alexander - Mio faz biquinho - o autor dos livros de mistério que te emprestei.

- Mistério eh...

- Você leu?

- Olha lá o "Arussande"!

A garota se desvencilhar de sua amiga e entra na livraria, sabendo que Mio nunca faria nada em público. A garota tímida entra com cautela, olha assustada em volta, mais um pouco estaria matando aula.

Na rua as duas colegiais passam por Ayanami, essa trajando um de seus melhores ternos, correndo com um sanduíche preso entre os dentes, correndo porta afora como de costume ela dormiu demais.

Alexander encontra-se o hall do hotel, ele sempre ouviu que os japoneses são pontuais, parece que essa máxima não se aplica a sua tradutora, que está atrasada. Ele ouve um barulho e não acredita no que vê:

Ayanami virou a esquina correndo, vestindo seu paletó e comendo seu sanduíche quando esbarra em um homem bem grande. Ela cai no chão se desculpando. "Tome mais cuidado, barulhenta". Ayanami não gosta erguendo seu dedo médio para ele, mas se arrepende envergonhada.

- Você está bem? - Alexander estende a mão para ajudar a mulher a se levantar.

- Desculpe, vou entender se quiser outra pessoa.

- Na verdade essa foi minha primeira experiência divertida no Japão.

- Meu país está lhe parecendo chato?

- Ainda não sei dizer, mas as coisas são muito certas por aqui, você acaba sendo um refresco de criatividade..

- Deveria estar aqui semana passada, quando o Kamen Rider me salvou.

- Seu humor está ficando repetitivo.

- Olhe ali - ela aponta para um prédio em reforma - estão reconstruindo onde a Sailor V salvou alguns reféns, ela também é atrapalhada. Nós japoneses somos muito eficientes.

- E pontuais?

- E pontuais.

- Quando devo estar na estação de televisão.

- Nove horas, mas nós temos tempo, ainda são oito horas.

- Na verdade são oito e meia.

Ayanami solta um grito e sai correndo do hotel, logo ela percebe que se esqueceu de Alexander, ela gira sobre os calcanhares, o encara com seriedade, agarra seu braço e o arrasta para fora.

Nossos protagonistas passam uma manhã bem diferente Mio se esforça para não dormir enquanto escuta um tedioso discurso sobre comprometimento com o futuro, enquanto Alexander dispara piadinhas em um programa de auditório matinal. Nenhum dos dois está a vontade.

Ao término das aulas Mio olha pela janela, por onde contempla o Monte Fuji: "O que vou fazer depois do colégio?", Yui chega sorrateiramente por trás, imitando uma voz grossa: "Vejo um futuro como atriz pornô".

Mio se assusta, gira o corpo e acerta outra bordoada em sua amiga, que fica rindo.

- Não diga essas coisas - Mio está completamente envergonhada.

- Sabe, quando você gira assim dá para ver sua calcinha.

- Mentira!

- Morangos.

Yui acertou, Mio senta na cadeira gritando de vergonha, Yui ajoelha-se, abraçando sua amiga.

- Ei Mio, você não precisa sair mais cedo? Não é hoje que aquele escritor vai dar autógrafos?

- Eu preciso fazer a limpeza da sala e você também.

Em outro lugar Alexander tomava um café com Ayanami, inconformado por ela tê-lo feito pagar.

O escritor olha as pessoas andando apressadas, todas de cabeça baixa, os altos prédios exibem propagandas coloridas, contrastando com a multidão cinza e indiferente.

- Por que fazemos isso?

- Porque estamos com vontade de tomar café - Aayanami responde sem ponderar, é nesse momento que Alexander percebe que falou alto demais.

- Desculpe, não deveria estar reclamando.

- Porque não? Sou uma boa ouvinte e uma mulher muito bonita, aliás não sei porque estou solteira, acho que intimido os homens. Minha mãe fica falando: "você tem que casar", mas não quero ser mãe e dona de casa...

Alexander não se controla e começa a rir, Ayanami para, sem entender, de início fica indignada mas ri junto com ele.

- Você é diferente.

- O que você quer dizer com isso?

- As pessoas costumam esconder o que pensam, mas você revela.

- Eu não revelo o que eu penso, na verdade sou uma assassina fria e tenho cinco pessoas amarradas no porão da minha casa.

Os dois se olham e voltam a rir.

Ayanami sorri confiante e fala: “Então, já pode me falar sobre o que o incomoda". Alexander fica sério, deglute mais um gole da de café, enquanto se prepara para se abrir:

- A personagem dos meus romances: ele passou por uma tragédia pessoal, sua esposa foi assassinada. É por isso que ele tornou-se investigador particular. Foi por isso que sua vida mudou e ele se dedica ao máximo em todas suas investigações, por saber a dor que uma morte trás ele tenta trazer algum alento com uma resposta, mesmo que seja a identidade do assassino e o porquê do crime.

- Eu li seus livros e é essa característica que eu mais admiro no detetive Thomas.

- Sim, é o que fez dele um sucesso. Esse é o problema - Alexander bebe mais um gole de café - escrevi sete livros, fiz sucesso no mundo todo, estou no Japão divulgando meu trabalho e minha personagem me incomoda.

- Você não gosta do seu detetive?

- Eu o odeio - o olhar de Alexander revela, pela primeira vez seus reais sentimentos, a ponto de assustar Ayanami - eu o odeio, quando investiga ele faz diferença, ele tem um propósito e o que eu tenho? Eu escrevo livros superficiais de leitura rápida.

- Desculpe por ser uma pessoa superficial que se atrai por leituras rápidas.

- Não é culpa sua, eu só estou aqui porque as pessoas lêem o que eu escrevo. Mas é muito doloroso. Meu pai tinha sua coleção completa de Dostoievski que cresci lendo. Aquele amargor, aquela decadência. O conhecimento que o russo tinha da alma humana, fiquei fascinado, graças a ele me tornei escritor.

- Então você está infeliz com o resultado de sua obra?

- Estou envergonhado e incompleto. Como disse meu detetive tem um propósito, eu não, não sei porque escrevo. Esse último livro foi escrito a base de ameaças, meu editor exigiu um novo volume e como assinei um contrato escrevi.

- Por que você não mata o seu detetive? - Ayanami fala da forma mais displicente que consegue, enquanto bebe outro gole de café.

Noite.

Alexander faz sua noite de autógrafos na livraria, a conversa que teve com Ayanami não sai de sua cabeça.

Mio está preocupada, um acidente no metrô a atraza, Yui já se encontra no ponto de encontro, preocupada com sua amiga. Com Mio dentro do metrô o celular não funciona. Estão incomunicáveis.

Alexander autografa mais um livro, ostentando um sorriso falso, mas convincente para quem não o conhece, fala algumas palavras e recebe elogios. Mas tudo é vago e sem sentido. Ele sente-se preso no vácuo da inexistência, é um robô, seu braço virar máquina, seu coração murcha, seu cérebro transforma-se em um chip.

Finalmente o metrô volta a funcionar, um funcionário pede desculpas pelo atraso. Após algumas estações Mio desembarca, sai da estação correndo, seus olhos cruzam com os de Yui (essa traz uma mochila que parece pesada) as duas correm pelas ruas da metrópole japonesa, desviam das pessoas. Após algumas acrobacias finalmente avistam a livraria.

O sorriso de Mio logo desaparece, a loja de livros está fechada.

A garota para atordoada, seus braços e pernas estão sem força. Cai de joelhos chorando, Yui assiste a cena a distância.

- Eu não sabia que você queria tanto um autógrafo.

- Não é isso.

- Podemos tentar descobrir onde ele vai estar amanhã.

-Não é isso.

- Mio...

- Eu falhei, tudo que eu queria é fazer algo por mim, mas não consegui. O detetive dessa série ajuda as pessoas por entender como é importante para elas verem os responsáveis pela morte de seus entes queridos presos. Mas o detetive sabe que ele faz por si, é uma coisa que ele acha importante e ninguém mais sabe.

- O formulário de carreira.

- Eu escrevi ser escritora, mas se não consigo nem mesmo conhecer quem me inspira.

Nesse momento um livro cai do céu atingindo a cabeça de Mio. A garota se assusta e logo percebe que o livro é o último lançamento de Alexander, ela também nota que não caiu do céu, mas foi largado por Ayanami.

- Quem é você?

Ayanami sorri "ele já vem, fique aí" e dá as costas as duas colegiais, entrando na livraria fechada.

Alexander sai do banheiro, olha melancólico para a sessão dos clássicos, mas o barulho dos saltos de Ayanami lhe quebram a concentração.

- Vem logo - ela segura o escritor pela mão e o arrasta para fora, onde as duas colegiais estão esperando. Mio não esconde o sorriso ao ver Alexander, "encontrei uma fã" Ayanami empurra o escritor para a colegial.

- Me desculpe, mas o senhor poderia assinar esse livro.

- Claro que sim - mais uma vez o gesto foi automático.

Os dos evitam olhares, ela por vergonha, ele por indiferença. Ayanami fica profundamente irritada, porém Yui foi mais rápida. A garota abre sua mochila, retira sete livros e os coloca contra o peito de Alexander falando: "Esses aqui também, por favor".

- Yui não faça isso...

- Fique quieta Mio, ele é seu ídolo, além disso nem parece que você estava chorando agora a pouco.

- Chorando? - só agora Alexander olha para Mio e percebe marcas vermelhas em seu rosto - esse autógrafo é tão importante para você?

- Desculpe pela minha amiga.

- Ela escreveu em um documento oficial da escola que quer ser escritora profissional e provavelmente vai levar uma bronca do professor.

- Entendo - Alexander encara a colegial tímida - Essa não é uma profissão convencional, seu professor vai dizer que você precisa de algo que lhe garanta um futuro.

- O senhor pensa assim?

- Sim, ser escritor é uma profissão difícil e frustrante, tenho muitos colegas talentosos que não conseguem vender, justamente por serem bons demais.

- Eu não me importo! - Mio grita, fica envergonhada e continua a falar em seu tom de voz educado - eu quero fazer as pessoas sonharem, quero que todos saibam que esse pode ser um mundo melhor, se cada um for verdadeiro, assim como o senhor.

- Eu?

- Um dia meu pai me levou no jogo de baseball, eu deveria ter uns cinco ou seis anos, estava lotado, naquele dia eu pensei que o mundo inteiro estava naquele estádio. Meu pai riu da minha inocência, disse que aquelas pessoas eram apenas uma parcela dos moradores de Tóquio; as pessoas de Tóquio compõem a população do japão; os japoneses integram a ásia que é um dos cinco continentes. Foi quando percebi que não faço nenhuma diferença para o mundo.

Os quatro permanecem em silêncio, a noite começa a ficar fria, Mio olha o escritor nos olhos e continua:

- Mas então conheci os seus livros, aquele detetive, ele segue investigando, não pelo conforto dos familiares das vítimas mas ele faz o que gosta. Ninguém percebe, ele é mais um na multidão e sempre será, mas ele é feliz. No mundo são muito poucas as pessoas que se destacam, criam uma tecnologia, desenvolvem um tratamento, salvam vidas, a maioria é e sempre será anônima. Eu não quero ser conhecida mundialmente, mas quero ter uma vida da qual me orgulhe, por viver por mim e fazer o melhor para minha felicidade.

No dia seguinte Mio foi chamada a sala dos professores, seu professor responsável a questiona por ter respondido o questionário com "quero ser escritora", porém a voz do professor é abafada pela memória do dia anterior, pela fala de Alexander: "obrigado, você me fez lembrar de algo importante, porque comecei a escrever. Eu amo Shakespeare, nunca terei seu talento, essa é uma frustração que terei que aguentar, mas, ainda criança, quando eu lia e viajava por mundos mágicos, sombrios, angustiantes ou tenebrosos eu era feliz, comecei a escrever para ser feliz. Obrigado".

Ao terminar seu o professor entrega outro formulário para Mio, essa corre até a sala de aula, senta na carteira e escreve como profissão:

"Ser escritora é a única carreira que consigo pensar. Poderia me dedicar a outras coisas, sei que teria sucesso, poderia ter uma casa confortável, uma posição social, mas não são todos assim? Quantas pessoas que você conhece professor são respeitadas, possuem segurança financeira e são infelizes? Não sou uma garota mimada, eu sei que querer não basta, mas será que não tenho o direito de tentar? Não é isso que significa ser jovem? Poder errar?".

Ela termina de escrever, se enche de coragem e volta ao professor, que lê em silêncio, sorri de maneira discreta e guarda o documento. Mio sai da sala feliz.

Ao mesmo tempo Alexander está sentado em um parque de Tóquio, absorvido pela beleza do monte Fuji, sentado ao lado uma árvore de cerejeira, a sua frente o MacBook aberto, em seu rosto um sorriso. Ele escreve como há tempos não fazia, nem mesmo uma sombra familiar lhe atrapalha.

- Me disseram que você estaria aqui - Ayanami não esconde sua felicidade ao ver a fisionomia do escritor - é um novo livro?

- Sim, enviei um e-mail para meu editor dizendo que vou permanecer no Japão, estou escrevendo um livro e preciso ficar para me inspirar.

- Hum! Seu detetive vem para o Japão?

- Não, esse livro é diferente, é sobre pessoas em busca de seus sonhos.

- E como seu editor reagiu ao ler que você não vai escrever um romance policial.

- Ele me ligou imediatamente - Alexander sorri para Ayanami, que fica envergonhada - me disse que eu não deveria fazer isso. Respondi que eu escreveria esse livro e ele seria publicado, por sua editora ou por outra e quem o publicasse teria os direitos dos meus próximos romances policiais.

- Então você pretende escrever mais casos para seu detetive.

- Sim, até que ele não é tão mau assim. Na verdade o frustrado era eu.

Alexander vira de lado e entrega um buquê de flores para Ayanami, que se assusta e fica com vergonha.

- O que é isso?

- É um agradecimento por me levar a aquela garota ontem a noite e um pedido.

- Pedido?

- Decidi que meu novo romance vai se passar no Japão, mas não sei nada sobre esse país. Você aceita ser minha consultora?

Ayanami sorri, ela senta-se ao lado de Alexander "deixe me ver o que você escreveu", ela começa a fuçar no futuro livro. "Como assim uma protagonista escandalosa e desastrada?".

- Mas muito bonita e excelente ouvinte, capaz de melhorar o dia qualquer pessoa.

- E o protagonista? Vai ser um chorão que não faz nada além de se lamentar?

- Pode ser.

Dois anos depois

Mio termina de se trocar, sobre sua escrivaninha estão um laptop aberto, alguns livros e um porta retratos com uma foto dela com Yui, tirada na formatura do colegial, a garota sai apressada, deixando seu texto inacabado na tela do computador.

A garota corre pelas ruas de Tóquio, entra em uma livraria onde encontra o mais recente livro de Alexander "Anoitecer em Tóquio", ela sorri e abraça o impresso. No caminho para o caixa abre o alfarrábio onde lê uma dedicatória:

Para as mulheres que conheci em Tóquio e mudaram minha vida.

FIM