M O (R) T O !

Respire fundo e deixe que o aperto em seu peito o domine até o fim dessa historia... então comece a ler o mais rápido possível!

Eram já quase 1 h da manhã quando estive mais próximo da minha própria morte como jamais estivera antes. Caminhava a noite de volta do trabalho quando tudo aconteceu. Tenho uma mania de andar por ai silenciosamente, abafando meus passos para não alardear os cachorros, e não incomodar ninguém, e isso quase me custou a vida.

Eu vinha cortando caminho pela comunidade vizinha a minha, lá observei um casal que "vigiava" uma esquina, mas que só foi capaz de me perceber quando eu já estava à poucos metros deles... não sei se foi pelo susto genuíno ou se foi pelo abuso de entorpecentes, que fez aquele casal disparar correndo naquele desespero todo.

Continuei meu caminho, lembro de até ter achado o incidente engraçado, mas minutos depois senti o farol duma moto se aproximar por detrás de mim, logo senti que seria assaltado já que a moto passou devagarzinho do meu lado, mas ela continuou pelo menos uns dez metros a minha frente, e foi ai que senti um aperto tão forte no coração que tive de respirar fundo umas duas vezes, pois naquele instante, aquele homem, que até hoje eu desconheço, sacou um revolver e simplismente me esperou. A morte tem dessas.

Estava ao lado de um convento de altos muros (uma cruel ironia, visto que há anos rompi com a igreja...) e a rua era larga, de maneira que seria quase impossível empreender uma fuga em qualquer que fosse a direção.

Dias depois minha irmã me disse que a experiencia de quase morte geralmente abre nossa lembranças mais profundas até o ponto em que ainda somos crianças.. Bem, nada disso aconteceu comigo, eu só sentia frio e meu peito ainda ardia, estava cada vez mais mal-humorado por aquela situação toda, de maneira que, naturalmente, continuei à caminhar até aquele estranho, que aquela altura já havia tirado o capacete e apontado a arma em minha direção. Eu queria olhar em seus olhos, não em desafio, mas naquela distancia as sombras pareciam tão duras em seu rosto que me incomodava o fato de não poder ver olhos humanos ali.

Já estava a menos de três metros quando uma outra moto parou de repente do meu lado, era minha irmã e meu cunhado me pedindo para subir na moto, sem uma unica palavra, subi, e o estranho que por algum motivo guardou a arma, só me encarou enquanto nosso veiculo deslisava ao lado dele e para bem longe...

Essa é, talvez, a historia mais importante da minha vida. Depois disso meu peito nunca parou de doer.