A PRIMEIRA VEZ QUE VI RICARDO 2

A Primeira vez que vi Ricardo 2

Anestesiada, perdida e cheia de dúvidas. O dia mal começou e já havia trocado números com um cara que eu mal conhecia dentro de um ônibus lotado. Cheguei ao trabalho e fui direto para o banheiro me aliviar. Enquanto deixava minha bexiga esvaziar, voltei a pensar nele e na burrada que fiz. Como pude ser tão inconsequente? Sou casada, meu marido é um homem honesto, trabalhador e o que é melhor, ele me ama e me presenteou com uma filha maravilhosa. Ao me levantar do vaso o telefone toca. Seria ele? Pego o aparelho dentro da bolsa e no visor um número desconhecido. Meu coração gelou. Devo atender ou não?

O gesto de tocar no ícone para atender a chamada e levar o celular ao ouvido foi em câmera lenta. Até o meu alô foi arrastado.

- Bom dia, sou eu.

- Ah, oi, bom dia. – quase tive um ataque cardíaco.

- Então, andei pensando, quando podemos nos ver, fora do ônibus, é claro.

Eu gostaria de dizer nunca, mas o que saiu da minha boca foi...

- Ah, você escolhe o lugar.

- Legal, você gosta de massas?

- Amo!

- Ótimo, tem um lugar bacana perto do centro, você pode anotar o endereço?

Anotei o endereço na mente e depois passei para o papel. Descobri o nome dele, Ricardo. Sai do banheiro ainda processando os dados. O dia hoje promete. Mais uma vez trabalhei sentindo a adrenalina circulando meu corpo o tempo todo. Pra falar a verdade eu estava adorando tudo isso.

*

O expediente terminou. Apesar de trabalhar num ambiente refrigerado eu corri para o banheiro e tomei um banho. Por que estou fazendo isso? Saí da loja direto para o local do encontro que fica a metros do meu trabalho. Fui andando. Cheguei alguns minutinhos atrasada e ele, é claro, não se importou nem um pouco com isso.

- Oi! – disse ele me iluminando com seu sorriso.

- Oi. Me desculpa o atraso.

- Sem problema, relaxa, vamos entrando.

O restaurante não é de luxo, mas me ganhou pela organização e também pela decoração. Nos sentamos. Ricardo não tirava os olhos de mim e nem eu dele. Conversamos bastante, ele me falou que precisa ser efetivado em sua nova empresa e eu apenas concordava com a cabeça.

- Você está tímida ou eu estou enganado?

- Tímida? Eu? Não.

- Daiana, você quer me dizer alguma coisa?

De uma forma ou de outra ele acabaria descobrindo mesmo, por isso resolvi falar.

- É que...

- Você é casada, não é?

- Ai, que vergonha. – escondo o rosto com as mãos.

- Daiana. – Ricardo me toca no ombro. – não precisa ser assim, não aconteceu nada entre nós, somos dois amigos comendo massa num restaurante Italiano.

Rimos daquela situação. Comemos, bebemos, foi uma noite pra lá de agradável. Ele me levou ao ponto do ônibus.

- Você não vai para casa agora? – eu pergunto.

- Não agora, vou voltar para empresa, amanhã a gente se vê no ônibus, certo?

Ele me beijou no rosto e eu pude sentir sua energia. Meu coletivo chegou. Me despedi de Ricardo com o coração sangrando. O ônibus partiu e lá fora ele acenou outra vez. Devo admitir, eu estou caidinha por ele. Que saudade.

*

Ao entrar em casa e ver Luísa desenhando na mesa de centro e Alexandre em pé observando a filha terminando o desenho, tudo aquilo que vivi com Ricardo a horas atrás se transformou em vergonha. Minha família, meu chão. Um nó na garganta se formou na hora. Alexandre me olhou e disse.

- Vem ver amor, temos uma artista em casa.

Ainda meio confusa deixei a vergonha de lado e antes de me ajoelhar para desenhar com Luísa eu lasquei um beijo suculento e molhado em Alexandre que perdeu o fôlego.

- Eita! – ele disse.

- Mais tarde tem muito mais.

Ainda desenhando Luísa perguntou.

- Do que estão falando?

- Nada filha. – gaguejou Alexandre. – termine o desenho.

Naquela noite Alexandre e eu fizemos amor longamente. Vez por outra Ricardo aparecia em minha mente. Enquanto meu marido tomava banho eu seguia enrolada na coberta imaginando o que estaria Ricardo fazendo agora e o que é pior, o que nós poderíamos estar fazendo. Meu Deus, que loucura, foi por pouco.

Alexandre voltou do banho querendo o segundo tempo e eu topei. Sempre vou topar. Nos dias que se seguiram eu voltei a me encontrar com Ricardo, porém aos poucos a minha paixão foi diminuindo e logo o via como um bom amigo. Foi por pouco que eu quase deixei meu coração falar mais alto. Quase permiti que o meu fogo queimasse uma década de felicidade. Ricardo não merecia isso. Ele precisa de uma mulher livre, companheira e não eu. Comigo ele só conseguiria sexo e mais sexo, nada mais. Se identificou com a história? Deixe nos comentários um pouco de sua experiência. FIM.

Júlio Finegan
Enviado por Júlio Finegan em 28/04/2019
Código do texto: T6634325
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