I walk alone
Eu caminho sozinha
Every step I take
Cada passo que dou
I walk alone
Eu caminho sozinha
My winter storm
Minha tempestade de inverno
Holding me awake
Mantendo-me acordada
It's never gone
Nunca se vai
When I walk alone
Quando eu caminho sozinha


I Walk Alone
- Tarja











Beijou o esposo e saiu.
Chegou no trabalho na hora, abriu o armário amassado e tirou o pequeno uniforme.
Vestiu-se com calma e pintou o rosto como sempre.
A noite foi um tanto agitada, duas brigas perto do bar e um cliente expulso por mexer com as garotas.
"Olhe, mas nunca toque, baby!", era o slogan.
Alguns clientes rotineiros e gorjetas gordas.
Dançou a noite toda em sua gaiola, gingando com graça e exibindo a nudez que a micro lingerie não cobria.
O trabalho de sempre.
Voltou pra casa depois do serviço oculta pela madrugada fria.
Sentada sozinha na poltrona pichada do ônibus escrevia poemas de amor febril no minúsculo caderno que sua irmã lhe dera.
Na janela, gotas de chuva desciam chorosas.
Ao romper da manhã chegou em casa e foi recebida pela alegria sincera de seu cão.
Foi até o quarto das filhas que ainda dormiam e beijou com carinho as gêmeas na testa.
Entrou no minúsculo escritório do marido e o encontrou dormindo, debruçado sobre sua rotineira montanha de papéis, contos e escritos.
Beijou seu rosto amassado e levou a xícara de chá vazio até a pia.
Foi até o quarto e olhou-se no espelho da cômoda.
Olhou e sorriu.
Despiu-se de suas roupas e vestiu uma camisola bege sem graça.
Meteu-se na cama e esperou por mais um dia.
Mais um dia de rotina.










PS: Esse conto foi escrito ao som de "Índios" do Legião Urbana.

Jeff Silva
Enviado por Jeff Silva em 02/05/2019
Reeditado em 18/11/2022
Código do texto: T6637452
Classificação de conteúdo: seguro
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