Anderson era perfeccionista ao extremo. Tinha uma empresa de Engenharia Civil em Laerte, cidade pequena do interior do Pará. Só contratava para seu escritório profissionais liberais de renome e que tivesse experiência comprovada. Teve dois filhos. Um deles escolheu a profissão do pai. O que Anderson mais temia era que o filho fosse um mal profissional e acabasse com sua reputação. Faltava um ano para a conclusão do curso quando Marcelo começou o estágio na empresa do pai. Como era estagiário fiva sempre com a parte administrativa da empresa, fazendo muit pouco o trabalh técnico. E o pai, claro, percebendo as limitações do filho, imaturo e aprendiz, começou a sabotar alguns de seus serviços, para que o mesmo concluísse não ser esta a sua área. Mas Marcelo estava decidido. cada vez que algo aconteceia a seu desfavor, acordava mais cedo e recomeçava. Numa tarde, estava ele diante de uma maquete, montada por ele com a equipe profissional, realocando algumas casas, quando de repente a mesma cedeu, quebrando em pedaços. O pai ficou furioso e o desligou da empresa. O filho, sempre se sentindo culpado, decidiu recomeçar sozinho, querendo mostrar para o pai que era capaz. Fez das tripas corações, mudou-se para a capital, montou um escritório na portinha de um bar e foi angariando clientes, um a um, até que em 5 anos ficou conhecido. Estava tudo indo de vento em popa, quando a mãe o convidou para o Natal no interior. O filho, mesmo apertado foi. No dia 27 teria que voltar, mas estava com saudades da família. E queria muito mostrar ao pai como tinha se transformando em alguém tão bom quanto ele. Na noite de Natal, todos já animados, o filho levanta sobe na cadeira e num discurso inflamado e cheio de lágrimas diz  a todos do esforço que teve que fazer e até onde chegou, agradecendo especialmente seu pai, por ter sido duro com ele, o que o fez querer ser melhor, dizendo que mesmo sozinho venceu. O pai, já na fase 3 do álcool, sobe no baquinho e diz: - Se não tivesse tirado a âncora da maquete pra que ela caísse exatamente com você, sabia estar na sala , naquela tarde, não teria chegado aonde chegou. Todos ficaram em silêncio. O filho, mesmo engasgado, olhou pro pai e disse:- Eu te perdoo, pai. O tapete que me puxou, me fez voar. Daquele dia em diante, a empresa de Anderson foi decaindo a ponto de ele ter se tornado, empregado do filho, numa das 6 filiais, na capital.
Mônica Cordeiro
Enviado por Mônica Cordeiro em 10/05/2019
Reeditado em 10/05/2019
Código do texto: T6643569
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