JOANA

"Para morrer basta estar vivo". Joana nunca gostou desta frase. Pensava: como se para viver bastasse isso, apenas estar vivo. Muito simplista, e não era assim, viver sempre é muito mais. Preferia: "Hoje estou vivo, amanhã não sei". Esta frase soava mais realista e não transformava a vida em algo fútil.

Joana gostava de julgar. Ficava no shopping, na praça de alimentação, no meio de pessoas desconhecidas, olhando, entrando em mundos alheios. Estava só há muito tempo. Não percebia. Dias atrás não conseguiu dormir, tomou calmantes. Joana adorava viver, porém a vida começou a ficar comum. As reflexões sobre o mundo e as pessoas passaram a transtornar sua mente, antes estes mesmos pensamentos eram fontes de respostas. A neurose, talvez, estivesse se apróximando. Decidiu parar de julgar, dar um tempo. Olhou a sua volta, na mesma praça de alimentação que sempre freqüentou e começou a perceber que o motivo de seu cansaço mental não era nada complexo que precisasse avaliar sobre os famintos comedores sentados à mesa, mas sim, simplesmente, na sua própria solidão.

FIM

DONI SILVA
Enviado por DONI SILVA em 23/09/2007
Reeditado em 29/12/2007
Código do texto: T664840