Insônia Reflexiva

Não conseguiu dormir. Tentou de um tudo mas o sonho não veio: não tevê não havia nada que prendesse sua atenção, não se concentrava ba leitura de um livro e nem em fazer palavras cruzada. Sentou-se na velha poltrona do quarto e a recorreu às divagações, era a única alternativa para esperar o sono chegar.

Pensou no quanto era triste e constrangedor as arengas políticas. Em vez de debater ideias, as pessoas estavam se agredindo verbalmente e, não raro, quase indo às vias de fato. Ora, pensou, que besteira!, pensar diferente faz parte do show da democracia, embate democrático das ideias. Mas para isso não é necessário arengar e muito menos descambar para as agressões pessoais, explosões de raiva, rancor e ódio. Pensou em algo que sempre repetia na conversa dom amigos quando havia discussão política: -A Democracia é o regime em que o diz e o outro diz, em que um diz\z e o outro tem o direito de contestar. Essa raiva avassaladora era algo irracional e perigoso. Lembro o verso de uma canção do Chico Buarque: "Filha do medo, a raiva e mãe da covardia". Estavam os raivosos, de todos os naipes, tomando o caminho da perdição.

Continuou divagando e afirmando para si mesmo que o grande amor telúrico das pessoas deveria ser por sua pátria. Esee amor telúrico só era comparável ao amor pela famílias, eles se complementavam. Lembrou o que afirmou Rui Barbosa: "O sentimento que divide, inimiza, retalha, detrai, ameaça, persegue, não será jamais o da pátria. A pátria é a família amplificada. É a família devidamente constituída, tem por elementos orgânicos a honra, a disciplina, a fidelidade, a benquerença, o sacrifício. É uma harmonia instintiva de vontades, uma desestudada permuta de abnegações, um tecido vivente de almas entrelaçadas. Multiplicai a célula tendes o organismo. Multiplicai a família e tendes a pátria. Sempre o mesmo plasma, a mesma substância, a mesma circulação sanguínea".

Ficou ali tentando lembrar um verso de um poema de Vinicius de Moraes. Lembrou: "Ponho no vento o ouvido e escuto a brisa/ Que brinca ns teus cabelos e alisa/ Pátria minha e perfuma o tem chão.../ Que vontade me vem de adormecer-me / entre teus doces montes, pátria minha/ Atento à fome nas tas entranhas/ E ao batuque no teu coração".

Chegou sua excelência o sonho, ele foi para a cama, mas antes de dormir, ainda pesou no seu pais que estava em transe e recordou a profecia de Dom Hélder Câmara: "Quanto mais negra a noite, mas carrega dentro de si a madrugada". Dormiu e sonhou com uma pátria justa e democrática. Inté.

Dartagnan Ferraz
Enviado por Dartagnan Ferraz em 19/05/2019
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