VAZIO DE OURO E PRATA, ao sabor das marés


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Olavo era das esbórnias, noitadas regadas à champanhe e morangos nos dias pares e cachaçadas com torresmo nos dias ímpares, digo isso porquê ímpar, era a mistura de sorte e azar dessa pessoa, inigualável. Seus altos e baixos iam de uma segunda-feira repousante, acordando ao lado de uma loura rica, de beleza estonteante, que lhe presenteia com mimos muito caros, n'outros dias da semana, paparicado por solteiras tímidas milionárias, 'seduzido' por mulheres casadas e ricas abandonadas à rotina pelos maridos, que lhe financiavam regiamente pela atenção e carícias 'consoladoras'.

Aí chegam os finais de semana, suas amantes se recolhem às suas nababescas vidas e a 'solidão dos bolsos' lhe provoca os sentidos e ele cai na realidade, é um acessório, um instigante instante, mas, ainda assim um mero objeto, então, busca conforto na 'branquinha', na 'douradinha', álcoolica e bem comum amiga cachaça. Esta o leva para os beirais das vielas, para as aléias do cais, para as sombras das ruelas, sendo acolhido pelas 'mariposas' em leitos rotos, gramas batizadas ou areias noturnas remexidas, dissolvia suas constatações sem rumo nas madrugadas vadias.

Mais uma Lua adormece num horizonte ensolarando, um banho demorado, um café revigorante e o celular volta a tocar e o vazio de cédulas, jóias e caros mimos recomeça, até quando a sua inércia da vontade de mudar aguentar, ao sabor das marés.


*Fonte - Imagem - Google
Cristina Gaspar
Enviado por Cristina Gaspar em 11/06/2019
Reeditado em 13/06/2019
Código do texto: T6670614
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