Oi, mãe, adivinha?

Era frio. Havia uma garoa fina. 17h e já escurecendo na média cidade do interior do Rio Grande do Sul. Norton, na calçada da Rua Rodolfo Rabustein, estava com um guarda-chuva numa mão e o celular na outra, pronto para ligar para seus pais e dizer-lhes que finalmente estava tudo bem com ele, que se sentia feliz por ter limpado o apartamento pela primeira vez, e que estava indo ao mercado que ficava a duas quadras.

No mesmo instante, aproximava Carlos, de carro, apressado para chegar em casa, cansado do trabalho. Lembrou que tinha que passar na padaria, comprar: 6 pães, queijo, peito de frango e chá de camomila. Ele, sem pensar, pisa nos freios bruscamente na esquina da rua Rabustein com a rua Raul Glasses, para pegar a esquerda, pois recordou de uma boa padaria uma quadra de onde estava.

No carro atrás de Carlos, Bruna, no instinto para não bater em Carlos, gira o volante em outra direção, desviando dele, mas não de Norton que falara naquele instante: Oi, mãe, adivinha?