Caduco divagando na rede

Estava deitado na rede, balançando bem devagarinho para não ficar tonto, pensava na vida. Relembrava fatos antigos, ria sozinho mas às vezes se emocionava e os olhos marejavam. Adorava a vida. Sabia que ela era fugaz, finita...Mas, mesmo assim, era maravilhosa. Uma dádiva de Deus.

Sempre que matutava sobre a vida ele recordava frases e versos que decorara e repetia baixinho nesses omentos. Era o caso dos versos de Calderón de La Barca: "Que é a vida? Um frenesi/ Que é a vida? Uma ilusão/ uma sombra, uma ficção,/ e o maior bem é pequeno/ pois toda a vida é sonho/ e os sonhos sonhos são". André Malraux: "Uma vida anão vale nada, mas nada vale uma vida". Chaplin (a que achava mais didática): "A vida é uma peça de teatro que não permite ensaios.Por isso dance, riae viva intensamente, antes que a cortina se feche e a peça acabe sem aplausos". E a de Gibrán (a que gostava mais): "A vida pode ser de fato escuridão se não houver vontade, mas a vontade é cega se não houver sabedoria, a sabedoria é vã se não houver trabalho e o trabalho é vazio se nao houver amor".

Quando ouviu no radinho de pilha tocar a música "La vie en rose", cantarrolou o larararará e adormeceu. Sonhou viajando nu tapete mágico. Inté.

Dartagnan Ferraz
Enviado por Dartagnan Ferraz em 12/11/2019
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