O carro escuro

Um carro escuro vira a avenida de uma das ruas que cercava a escola, a penumbra da noite encobre quem conduz o carro e os faróis estão desligados, o carro se aproxima devagar, devagar a ponto de não ser notado pelos outros pedestres, mas, eu o percebi e o observei da janela da minha casa, o carro quase não fazia barulho, passou por um cachorro vira-lata que nem fez questão de olhar na direção do veículo.

O carro para na metade da rua, eu sigo olhando para ele, só eu e mais ninguém, com pouco tempo, um sinal toca ao fundo, olho o relógio na parede da cozinha, 22:45; horário de saída dos alunos da tal escola, com pouco a rua se enche com os estudantes, todos passam direto pelo carro escuro, não há qualquer sinal de vida vindo de dentro do veículo. Com pouco tempo, o fluxo de alunos vai ficando cada vez mais fraco, um pequeno grupo ou outro parados na calçada para trocar as últimas palavras da noite.

Depois de um pouco mais de cinco minutos, havia somente alguns gatos pingados, uma moça vem andando pela calçada, conferindo os materiais na mochila, andando pelo instinto de andar, pois ela não está olhando para a frente. O carro liga os faróis e dá a partida lentamente, vem na direção para a minha casa; o brilho do farol faz com que a moça parasse a beira da calçada, esperando que o carro passe para que ela pudesse atravessar.

O carro se emparelha a ela e num piscar de olhos a porta se abre a dois braços que parecem fazer parte do próprio veículo puxa a moça com força, tapando a boca dela para que ela não grite, assim que a porta é fechada com força, o carro arranca e sai em disparada virando a rua a direita, nesse momento quem está na rua olha na direção do carro, sem entender muita coisa, eu fecho a janela e vou em direção a mesinha que fica o telefone e apanho um pequeno caderno para anotar, essa foi a quarta nos últimos dez dias.