Apenas um bar e uma conversa ocasional

Naquele Bar, naqueles dias...

Dizem que nos botecos escondidos nas vilas perdidas das cidades grandes, se encontram as melhores historias e os melhores causos. Senhores sem inocência, forjados pelas mentiras mundanas, alguns ainda acreditam na existência do bem e da moral, mas grande parte sabe que da onde estamos só podemos piorar.

Com seus discursos e planejamentos, a sociedade clandestina, como se designavam, se organizava para prever os próximos passos da sociedade atual.

Faça chuva ou faça sol, ali estavam eles, sentados em suas cadeiras marcadas e confortáveis, com um copo de Whisky nas mãos. Jornais de direita e esquerda abertos na mesinha de centro, uma revista sensacionalista despedaçada e olhares atentos nas noticias. Discussões acaloradas, a política corre nas veias dos senhores, tudo é política, alguns afirmam.

Outros perdidos na fé, afirmavam que eles lutavam por uma causa perdida, por um mundo destruído.

Dias e noites se passavam e os discursos acalorados aumentavam....

Em dias comuns era normal papos cabeças, em dias de chuvas, a discussão era acalorada...

Cliente: Amigo me traga alguma boa noticia e me diga que o Pais ainda não morreu e o nosso sistema ainda é laico!

Garçom: Boas noticias? Pediu no Pais errado. Sistema Laico, pensa que esta aonde?

Cliente: Não pense que estou louco, só não entendo onde estou, as crianças não estão mais brincando nas ruas e o homem ainda esta pensando em cédulas.

Garçom: Mas pare e pense meu amigo, pede pelas crianças nas ruas, mas elas estão nas escolas sendo treinadas para servir ao sistema. Os adultos estão presos pelo capitalismo e consumismo. “VIVA O DÓLAR”

Cliente: As arvores no parque não tem mais alegria e os homens murcharam para carcaças sem sentimentos. Choram pedindo a Deus uma ajuda, mas nas noites frias se esquentam em suas casas enquanto outros têm o céu como cobertura e a terra como cama, alem dos opressores matutinos.

Garçom: Mas esse é o nosso pais, acabaram-se as festas, a alegria do povo se resumiu a um fim de semana de futebol ou quem sabe uma missa dominical. Veja os casos de pedofilia e lavagem de dinheiro, depois disso, como ser feliz nesse pais?

Cliente: Bebendo?

Garçom: Mas bebendo você estaria apensa fugindo dos problemas!

Cliente: Beber é fugir de problemas e arranjar outros!

Garçom: Entendo fugir de uns e arrumar outros? Atitude estúpida, mas somos estúpidos por natureza, sendo assim vamos beber!

Cliente: Odiosa natureza humana que é um egoísmo retórico para si mesmo! BRINDEMOS!!

Cliente: Qual o contexto de hoje em dia ter como lideres católicos. Homens que são deveras “Homens de pouca fé”

Garçom: Caro amigo bonitas palavras, vamos brindar, homens de pouca fé, isso fé, ainda existe?

Cliente: Hum!!

Cliente: Fé, isso é tão imaginário quanto um homem que transforma alumínio em ouro.

Cliente: Ou água em vinho!

Garçom: Pior de tudo é a multiplicação. Só consigo multiplicar minhas dividas, quem dera meu pobre e misero salário. Fé deixei de acreditar depois do terceiro gole de cerveja. Falando em cerveja, deixa-me pegar outra para os senhores.

Cliente: Saidera atrás de Saidera, assim não saio desse bar!

Garçom: Ótimo, assim você gasta mais, bebe mais e vamos conversar ou desistiu de beber por hoje?

Cliente: Desisto, vou para casa encontrar uma corda ou balas de 38 que estão perdidas pela sala, fique com o troco, pois para onde vou não preciso de dinheiro!

Garçom: Faça melhor, pegue o troco e beba mais uma, tome coragem e decida viver ou devo te chamar de fraco?

Cliente: Você quer que eu morra?

Garçom: A pergunta é: você quer morrer? Eu quero é que você gaste e morto não consome bebidas!

Cliente: Hum, capitalista!! Perseguem-me até nos bares.

Garçom: Amigo, vivemos em uma sociedade capitalista, quer liberdade? Só em outro mundo!

Cliente: Dizem que quando morremos Che vem nos buscar e temos um lindo céu socialista!

Cliente: O socialismo não funcionou aqui na Terra, porque iria funcionar no Céu?

Cliente: Mas tem o Che lá!

Cliente: E aqui temos Jony Walker e Nieszteche.

Cliente: Homem de pouca fé

Cliente: Fé eu tenho, mas é que de hoje eu não passo, vou ao banheiro.

Cliente: Trouxa, você não acha?

Garçom: Sinceramente, não... Entendo a ambos os lado e por isso agradeço por ser um pobre garçom, prefiro trabalhar sem pensar em morrer do que morrer sem saber o que esperar!

Cliente: Vou para casa, amanha eu penso se volto!

Garçom: Tudo bem chefia. A casa agradece, volte sempre!

E assim passam os dias...

Fernando Trevisan
Enviado por Fernando Trevisan em 07/02/2020
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