Candidatura frustrada

ACONTECEU na década de oitenta. Havia um bancário que mesmo sem ser político vivia malhando a ditadura e defendendo o MDB. Era uma missão difícil porque as pessoas temiam o regime, mesmo com sinais de abertura. Ia haver eleições municipais e o MDB não tinha um candidato que pelo menos pudesse, meso perdendo, ter uma boa votação e eleger alguns vereadores. Foi então que alguns radialistas e membros de um sindicato se fixaram no nome do bancário que não tinha rejeição, se dava com todo mundo. Começaram a pressioná-lo nesse sentido. Mas o cara não aceitava. Mas aí vieram até lideranças do Recife apelar, mostrar que era uma necessidade e etc e coisa e tal. Resultado: o bancário ficou balançado, mas a família não, era contra. Mas ele começou a admitir que faria o sacrifício. Foi quando surgiu u veto que impediu de vez a candidatura. O veto foide um padre,

Mas não era veto da Igreja, mas do cidadão padre que era parente da mãe do bancário. Eram de Floresta dos Navios. Esse padre apesar de reacionário e conservador gostava do bancário, sempre batiam papo, mas divergindo radicalmente. Pois bem, já perto da aceitação da candidatura, o padre chegou na casa do bancário à noitinha, bateu, entrou, sentou e antes do cafezinho foi ao ponto:

- Cabra véio, vim aqui lhe pedir para que desista dessa maluquice de ser candidato. Sei que dizem que você não tem chance de ganhar. Mas quem garante? De repente o povo endoidece e te elege. E isso é perigoso pra você.

O banc[ario curioso aparteou e perguntou qual seria o perigo. O padre esclareceu:

- O perigo é você ser preso. Mas não por causa de subversão. Mas porque vai querer dar tudo da prefeitura aos pobres. Voc~e não aguentaria ouvir pedidos de pobres e começaria a distribuir comidae toda sorte de ajuda. Você puxou ao pessoal do seu pai.coração mole edão aos outros até as camisas. Aceite nao, vá viver sua vida trabalhando o banco, onde não pode dar nada a ninguém, crie suas filhas. Caso insista vou trazer sua mãe para mpedir essa burrice.

Tomou o cafezinho, deu boa noite saiu. O bancário desistiu da candidatura. O padre tinha razão. Inté.

Dartagnan Ferraz
Enviado por Dartagnan Ferraz em 28/02/2020
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