Bailarina Solitária

Alfredo – pai de Zezé, a espera na escola, decidiu conversar sobre a tristeza da filha, depois da aula. Zezé no carro coloca o cinto e ele percebe a nítida face de choro da filha. Sem mais a instrui:

– Filha, amor que cobra muitas noites em claro, muitas lágrimas na face ou dor, não é amor. Isso é subjugação do outro e ambos voltam à rotina. Como foi a aula? Pergunta o pai.

Zezé, a ele explica:

– Sai da sala gritando, será meu fim a solidão? A Valquíria foi me ajudar. Ela disse não crer que meu problema seja solidão. Percebi, ela é amiga, há tempos e nunca a fui visitar. Quando chegar em casa você liga para Casa das Crianças para eu ir lá nesta tarde?

Alfredo com as sobrancelhas arqueada tenta não ferir a filha. Zezé, visitar a Nadine ou a Caroline, não é a mesma coisa de visitar a casa dos órfãos. Ali tudo tem hora!

– Vamos ver, afirma o pai.

Em casa, Zezé ruma direto para o quarto, antes de subir pela escada de acesso ao andar dos aposentos, abraça o pai e pede para chamá-la na hora de ir até à Casa das Crianças e a ele diz, vou comer apenas um lanche, não vou almoçar.

Vamos ver, Zezé! Responde, ele.

Exata uma hora depois, Alfredo pensativo bate na porta da filha. Vamos Zezé, devemos chegar lá em vinte minutos, você pode conversar com a sua amiga por uma hora.

O virtus para em frente a Casa das Crianças, a construção em estilo antigo com as paredes com tintas descascadas, aponta desilusão. Nesse tempo, Zezé estala os dedos pensando nos anos, nos quais, poderia ter vindo.

Alfredo deixa a filha entrar. Já na recepção, Valquíria está de pé, às duas se abraçam, forte. A interna leva a amiga ao pátio onde estão outras crianças – elas loquazes especulam uma, a outra. Será, Adoção!

Sentadas em um banco azul de madeira, Valquíria adianta.

– Amiga, vamos falar de solidão? Lembra o porta-joias do amigo-secreto que ganhei do Luciano? Zezé fala eufórica responde com um sorriso largo:

– Você também o tirou!

Valquíria sorrindo de canto de boca, diz. O porta-joias tem sido minha única companhia. Aqui não temos nem o arbítrio e a escolha para apagar o interruptor de luz a noite. Ir ver a rua, sair. Só com a monitora do orfanato. Isso é solidão, pois a liberdade plena, não existe. Já as pretensões amorosas, você pode escolher. Esqueça o Adamastor, ele não a respeita e, tenho certeza, você vai sofrer e olha lá se ele não bater em você, um dia.

Decidi esquecê-lo, imagina mulher apanhar de homem, minha mãe atende um caso por dia no hospital.

– Vamos falar de coisas boas, vou visitar você mais vezes, não terás apenas a bailarina solitária como companheira e para lhe dar dias com um mais azul-claro vai pedir para minha mãe solicitar sua saída para ir a minha casa, uma vez por mês. Topa?

_ Sim. Tem o trabalho de sociologia para escrever sobre o tema da violência. Aproveito e falo de violência contra a mulher com sua mãe. Pode ser Zezé?

– Sim, responde Zezé. E as duas feitas irmãs mais velhas, passam a brincar com as crianças mais novas do orfanato.

Eric Costa e Silva
Enviado por Eric Costa e Silva em 25/03/2020
Código do texto: T6896747
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