A SAGA DE ISAURA-5

Isaura chegou à casa de Rosa Maria, com sua pequena sacola de pano contendo suas poucas roupas. Pensando que seria para alguns dias. Era um tempo em que sentimento de criança não era muito levado a sério. Aurindo não conversava muito com ela, apesar de gostar dela, levava a vida como os outros meninos, trabalhava na lavoura e nas horas vagas matava passarinho ou brincava no rio.

Heitor era um homem forte, carrancudo, dente de prata que brilhava ao sorrir, um facão amarrado à cintura e sempre de botas.

Era um dia diferente, Isaura estava na cozinha, quando Heitor entrou pela porta e a viu varrendo a cozinha de terra batida com uma vassoura feita de mato chamado vassourinha, e vara; a vara em si já era alta e pesada para uma menina de 6 anos que nunca tinha feito serviço doméstico, afinal, era a caçulinha de sua mãe e por isto muito preservada da labuta. Mas Heitor não quis saber de nada disso, avançou para perto de Isaura e de punho fechado deu-lhe um soco na cabeça e exclamou:

-- Varre essa casa direito, burrinha!

Isaura caiu no mesmo instante, viu tudo ficar escuro, demorou um tempo a ficar de pé e ao levantar sentiu uma tontura que a acompanharia por muito tempo. Ali, ela só pensou: --Eu quero a minha mãe...

Passados uns dias Isaura sentia ainda mais saudade da Dona

Lenita. Porque ela não volta? Pensava consigo mesma.

Foi então que ela se lembrou de Mariazinha, comadre de sua mãe.

Mariazinha havia sido levada para aquele morro e cantavam a mesma música:

" Segura na mão de Deus, segura na mão de Deus, segura na mão de Deus e vai..."

Minha mãe não vai mais voltar, não vai mais ...

Começou ali o sentimento de desespero e luto mais solitário que uma criança poderia sentir, pois Rosa Maria parecia ter desaprendido o que era amar ou talvez estivesse enlutada demais para amparar sua irmã mais nova.