A Visita

Quando Ruth chegou em casa para passar o fim de semana e abriu a porta, deparou-se com uma jovem de avental, passando o aspirador na sala.

- Oi! Você é a Ruth? - Indagou ela, desligando o aparelho.

- Sou eu... - assentiu Ruth. - E você deve ser Abigail.

- Eu mesma - replicou a jovem com um sorriso. - Deixe-me ajudar com suas malas...

- Não estão pesadas - replicou, entrando em seguida e olhando em torno.

- As coisas aqui estão diferentes - avaliou.

- Eu mudei a posição dos móveis - declarou Abigail com orgulho. - E coloquei outros quadros nas paredes. Fica mais alegre assim, não acha?

- Ficou legal - redarguiu Ruth em tom neutro. - Onde está minha mãe?

- Foi ao cabelereiro. Sugeri que podíamos sair as três hoje à noite, ir jantar fora.

E diante da expressão de surpresa de Ruth, acrescentou:

- Comemorar que está conosco.

- Ah, sim - replicou Ruth. - Nossa, mamãe nunca foi muito de sair, ainda mais comigo.

- Isso vai mudar - afirmou convicta Abigail. - Sua mãe está sozinha, então tem que aproveitar as oportunidades para se divertir.

- Mas não foi uma crítica - redarguiu cautelosamente Ruth. - Bem, vou subir e tomar um banho!

- À vontade, eu vou terminar de aspirar a sala. - E continuou a tarefa, enquanto Ruth subia para o quarto.

Esta, ao abrir a porta, percebeu que o interior estava irrepreensivelmente limpo e arrumado. Obviamente, Abigail havia passado por ali. Ruth abanou a cabeça, como se estivesse se sentindo incomodada, e deixou as malas ao lado da cama. Em seguida, pegou a roupa de casa numa gaveta da cômoda e foi tomar banho.

* * *

No ônibus, de volta para o Canadá, Ruth foi pensando no seu fim de semana em casa. Por um lado, era bom que a mãe tivesse companhia, e Abigail era trabalhadora e parecia ser uma pessoa séria. Todavia, a atenção que a mãe estava dando à ela, talvez fosse um pouco exagerada. Ou estaria ela com ciúmes?

Antes de adormecer, confortou-se com o pensamento de que a mãe jamais a trocaria por quem quer que fosse.

[Continua]

- [25-07-2020]