Fogueira

Sentia a brisa da noite bater em seus cabelos, e como era bom! Olhar aquele céu escuro, decorado por inúmeras estrelas, teria algo melhor? Dobrou seus joelhos, os trazendo para junto do corpo, deitou sua cabeça nas pernas e ali ficou admirando o céu, vendo as faíscas da fogueira misturando-se ao ar.

Olhou a fogueira, lembrando da primeira vez que fez uma fogueira. Dia feliz aquele. Sorrio com a doce lembrança; revirou as brasas, fazendo mais faíscas subirem. Olhando do seu ângulo, as faíscas pareciam pequenas estrelas que emergiam da terra, e subiam, como numa tentativa de chegar aos céus e deixa-lo ainda mais brilhante.

Suspirou alto, um suspiro bonito, apaixonado. Sim, apaixonado! Apaixonado por aquele céu, por aquela fogueira, por aquele momento, onde desfrutava da sua própria companhia e apenas aquilo lhe era o suficiente.

Puxou a manta que estava sobre a cesta de palha, e a jogou sobre os ombros, sentindo aquele calor acolhedor lhe envolver, como se estivesse recebendo um abraço caloroso da noite. Novamente olhou a fogueira e mais uma vez sorrio.

A simplicidade do momento era tão atraente e lhe envolvia de tantas formas distintas, que não sabia se existia uma palavra no mundo que pudesse descrever tudo que sentia em estar vivendo aquilo, vendo aquele céu, aproveitando da própria companhia.

Solidão? Não sentia, pois descobriu que era seu próprio complemento, seu próprio fio vermelho! Não se importava de estar só, não era problema, pois cuidaria do próprio coração.

Deitou-se na grama, sentindo o cheiro bom da terra, e mais uma vez olhou a fogueira, mais uma vez admirou as faíscas indo de encontro ao céu e sumindo no ar. Mais uma vez sorrio, lembrando dos próprios pensamentos de minutos atrás.

Existia sim uma palavra no mundo capaz de descrever tudo que sentia: Fogueira. Por que não poderia ser? Era apenas por causa de fogueira que sentia-se daquela forma. Era apenas por causa da fogueira que admirava o céu de outra forma. Era apenas por causa da fogueira, que descobriu ser o suficiente pra si.

Pois foi olhando as brasas, foi que notou como estava se sentindo: feliz! Sem a necessidade de alguém ao seu lado, ou do caos diário da cidade. Era apenas aquilo, apenas seus sentimento e pensamentos livres, sem barreiras, sem julgamentos.

Deitou-se de lado, e mais uma vez mecheu nas brasas, mais uma vez provocando mais faíscas, como estava adorando tudo aquilo! Pela primeira vez em muito tempo, rio. Apenas rio feliz, sem motivo, sem mentiras. Rio feliz como não fazia a tempos! Porém, como não rir com aquele sentimento bom no peito? Como impedir aquela combustão de sentimentos bons? Não queria impedir, e não iria.

Apoiou a cabeça no braço, sentindo mais uma vez a brisa da noite passar por seu corpo, como se lhe desce um abraço e compartilhasse dos seus sentimentos bons, graciosos, puros. Inspirou com força, sentindo o ar gostoso da montanha misturar-se a fumaça. Não foi ruim, foi libertador! Libertador por que estava feliz! Libertador por que finalmente encontrou o que tanto buscava em sua vida!

Aquela simplicidade, aquele ar puro, aquela sensação de tudo estar certo. Era apenas isso que buscava, era apenas disso que sempre precisou! Não queria parar de sentir-se assim, sentia estar cometendo um crime caso perdesse uma aquela sensação...

Aquela sensação amor próprio, de autossuficiência... aquela sensação de paz.

E pensar que achou tudo que queria, apenas por que decidiu acender uma fogueira numa montanha.

Maria Izabel - Pequeno Sol

15 de Setembro de 2020; 19:26 pm.

Fayre Moon
Enviado por Fayre Moon em 16/09/2020
Código do texto: T7064603
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