Preguiça

Ele era preguiçoso. Ela era ansiosa. Os dois se conheceram numa festa. Os dois bêbados. Trocaram olhares e sem trocar muitas palavras, já estavam trocando beijos. Na hora de ir embora, trocaram telefones e cada um foi para um lado.

No dia seguinte, ela levantou as 8h30 da manhã, empolgada, ligou para a amiga e contou que conheceu um Deus grego. Ele brigou com o despertador, levantou as 14h00, ainda lesado da bebedeira, ligou para um amigo e contou que quase comeu uma mega gostosa.

Ela combinou de almoçar com a amiga. Ele combinou de tomar uma com o amigo, assim poderia rebater a ressaca. Em casa, claro. Ela falou para a amiga que estava ansiosa para receber uma ligação dele. Ele contou para o amigo como era o corpo dela. Peitos, barriga, bunda, pernas e até os pés (ele era tarado por pés).

A amiga falou pra ela se acalmar. O amigo falou pra ele deixar de preguiça e ligar. Se ela era tão gostosa assim, ele não poderia desperdiçar. Ele lutou com a preguiça e resolveu ligar. Ela, ansiosa, atendeu no primeiro toque. Ele falou algumas besteiras, ela deu algumas risadas. Mas nada de convidá-la para sair. Algum tempo depois, ele, mais uma vez, venceu a preguiça e sugeriu um novo encontro. Ela nem esperou ele terminar a pergunta, e aceitou.

Eles combinaram de se encontrar em um bar. Ele ficou com preguiça de buscá-la em casa. Ela estava muito ansiosa para ficar esperando. Marcaram as 20h30. As 19h00, ela já estava lá. Foi a primeira cliente. As 21h00, ele ainda estava na cama. E ela não tinha mais unhas. Ela estava sem celular. Na ansiedade de chegar logo, esqueceu em casa. Tudo bem, ele também estava com preguiça de ligar.

Ela ficou com preguiça de esperar e foi embora. Ele venceu a preguiça e foi até o bar. Chegou as 22h00. Ela tinha ido embora fazia 15 minutos. Ele achou que tinha levado um furo e nunca mais quis ver a moça. Ela nunca descobriu que seu defeito foi ter tido preguiça.