Dora (epílogo)

No dia 4 de março, Dora levantou com a costumeira sensação. Sensação de querer dormir mais um pouco. Mesmo assim, ela negou o sono e foi continuar mais uma rotina. Escovar os dentes de 5:02h até 5:05h. Banho de 5:05h até 5:20h (7 eram destinados a uma soneca no chuveiro). Café da manhã de 5:30h até às 5:45h. Ônibus de 6:00h até 7:20h e faculdade de 7:30h às 11h. Hoje em especial, Dora terá mais uma entrevista fracassada de emprego marcada para às 14:00h. Dora chegou em casa por volta de 16:03h, novamente com o gosto amargo da decepção, porém jogou a frustração aos céus e foi banhar-se para o compromisso mais importante da sua rotina. 

Todos os dias por volta das 17:30h, Dora sentava no ponto de ônibus mais próximo a sua casa. Ao sentar notava o mundo, a sua volta, os seus olhos fixaram em várias coisas, nos ônibus, nas pessoas, no anoitecer e nos gatos. Porém, o significado daquele lugar para Dora ia muito além do que seus olhos admiravam. Era o que ela não via, que mais a atraía.

Naquele ponto de ônibus, a rotação da terra interrompia-se e Dora sentia múltiplas sensações, um misto de angústia, calmaria, afago e talvez o mais forte; nostalgia. Aquele simples lugar, possuía uma aura que fazia uma mulher de 21 anos voltar para casa com as lágrimas dançando sobre seu rosto. 

Era assim todos os dias, depois de suas atividades diárias, Dora estava no ponto de ônibus. Isso repetia-se por 4 meses, com pequenas interrupções. Como no dia que ela sentiu a pior diarreia de seus 21 anos de vida (ela achou que morreria) e por 12 vezes por questões acadêmicas.

DaviCampos
Enviado por DaviCampos em 30/09/2020
Reeditado em 25/02/2021
Código do texto: T7076380
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