Um guarda-chuva vermelho
Um guarda chuva vermelho
Corri para o ponto de ônibus, tentando me proteger dos grossos pingos que caiam, disputava um pequeno espaço com outros corpos que também queriam escapar de serem encharcados pela água e o vento. Tirei uma pequena toalha da mochila, sequei o rosto e o cabelo.
Algumas quadras abaixo, surgiu um guarda chuva vermelho, que tentava caminhar em direção ao abrigo, todos assistiam o espetáculo, a moça tentando domar o guarda-chuva, era uma luta desigual, o vento se tornava cada vez mais, um rival forte e impiedoso, logo arrancaria o objeto de suas mãos, ela que já estava com o corpo parcialmente molhado, ainda persistia na batalha, tentando salvar sua proteção.
Em poucos segundos, o vento conseguiu virá-lo do avesso e arrastá-lo, deixando-a totalmente desprotegida, ele levava o guarda-chuva vermelho rua acima e a moça olhava sua derrota paralisada. Corri em direção a ela e ofereci a toalha, corremos para o ponto, o guarda-chuva vermelho, desapareceu engolido pelo vento.
Naquele momento, tive a sensação de que o vento leva algumas coisas, mas traz outras.
Angela Dondoni
30/10/20