Vivendo na  Pandemia

Queria poder sair, andar sem destino, sem GPS, nada de horários e/ou compromisso com ninguém, determinado a sair com uma pessoa, “EU”, poder admirar o mar até me cansar de vê-lo jogar suas ondas nas pedras e nas arreias, depois andar nelas despreocupado, coisa muito difícil com tanta insegurança.

Pularia suas ondas e daria um belo mergulho, se assim desejasse, se chovesse dançarei na chuva, deixaria as gotículas d'água escorrer no meu rosto, sorriria  feito, criança. 

Ah! Como era bom correr na chuva, ser criança, cair na lama e se lambuzar tudo… E nossa maior preocupação era tomar uns bons puxões de orelhas e outras tantas chineladas, uns arranhões e nada de vírus.

Olharia o horizonte distante e tentarei pegá-lo com minha mão, viajaria em meus sonhos, admiraria o céu na sua infinita grandeza e seus mistérios, me encantaria mais uma vez com beleza e perfeição do pôr do sol, não como o fim do dia mais como um belo complemento e nascimento da noite, apreciaria a formosura da lua, iria tentar contar algumas estrelas, sentiria a brisa da madrugada silenciosa e fria.

Chegando a nos arrepiar com seus mistérios e medos, misturando-se à nossa desnecessária imaginação receosa, escutaria o galo cantar distante ao amanhecer, e não ficaria bravo por me acordar, vê o voo do gavião rondando no ar atrás da sua presa.

Olhar o ninho dos passarinhos e ouvir seus cantos lindos, e a casa do joão de barro?  feita no alto de um poste na sua sabedoria e esperteza contra o vento, queria assistir às borboletas multicoloridas a bailar no ritmo do vento, alimentando-se do néctar das flores, me encantar com o beija-flor pairando no ar com suas asas muti coloridas.

Afugentar os pombos nas praças ciscando as migalhas de alimentos jogadas pelos transeuntes, contemplar os monumentos, arquiteturas e nossas belezas naturais com visão turística, olhar e enxergar o simples pela beleza e sua naturalidade.

Observar um gato na espreita da sua próxima presa, descobrir uma casa de formiga escondida, matar a nossa curiosidade, sem a destruí-la depois pelo prazer da maldade, vê a natureza como um paraíso a ser preservar, pois, é o único que conheço.

Queria ter um dia absolutamente o dia prazeroso, um dia de descobertas e conhecimentos, um dia verdadeiramente vivido, simplesmente meu. Só em me sentir livre, já será seguramente gratificante, um dia simples, um dia comigo e dizer:

Que vale a pena continuar aqui! Mesmo com a pandemia.

Até  que,  o mundo nunca volte a ser o que era, ele continuará sobrevivendo, mesmo fragilizado. 

E que eu não precise repetir aquele velho jargão.

Eu era feliz e não sabia.

Roberto Ornelas

Roberto Ornelas
Enviado por Roberto Ornelas em 21/12/2020
Reeditado em 21/12/2020
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