Picô

Picô era um vizinho aqui do bairro, que só andava com a mãe sempre, nunca andava só, conta o povo que de tão inteligente e de tanto estudar enlouqueceu.

Nunca soube seu nome de batismo, morava no beco do Verdurão com seus familiares eu calculo que quando morreu deveria ter seus 45 a 50 anos.

Sobre seu apelido eu creio que seria por um programa de Rádio que passava na década de 90 em quê existia uma vinheta dizendo o seguinte bordâo "Ô Picô olha a hora são seis horas." parecia a voz do falecido Gil Gomes.

Ele era muito educado e cordial. Um dia eu aqui da Janela pude observar uma certa agitação no comportamento dele, tinha saído do terreiro de Candomblé, segurava um retrato de um santo o qual não deu pra distinguir em seguida entrou na Igreja Católica e logo após saiu sempre acompanhado da sua mãezinha.

Depois de todo esse fato percebi que desapareceram!

Foi então que fiquei sabendo, que ele deu um surto psicótico, não quis tomar mais os remédios e que naquele dia ele havia entrado em todas as Igrejas do bairro, de tardinha ele pediu pra tomar um banho na lagoa de Pituaçu e dizia que estava indo embora que naquela noite ele precisava ir pois o pai estava chamando, deitou pra dormir e não mais acordou.

Deixou sua mãezinha sozinha, certo dia depois a morte dele encontrei ela que me contou como havia ocorrido a passagem dele. Passado um tempo ela não quis mais sair de casa vive reclusa, creio eu que deve ser a falta do filho querido coisas que só mãe sente.

Clara de Almeida
Enviado por Clara de Almeida em 02/01/2021
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