SOLIDARIEDADE

SOLIDARIEDADE

(baseado em fatos reais)

Francisco foi órfão muito cedo. Seus pais morreram quando ele ainda era criança. Foram acometidos por uma febre não identificada, que os levou em cerca de 15 dias. Trabalhavam em uma pequena propriedade rural, como colonos, em companhia de seu único filho.

Surpreendida pela morte dos pais, o casal de fazendeiros, a princípio, “adotou” o menino, na tentativa de suprir a falta que eles fariam para aquela criança. Apesar da orfandade, Chiquinho teve momentos muito felizes naquele lugar. Inesquecíveis os banhos de rio, as corridas pelos campos verdes e o convívio com os animais da roça. Chegou a puberdade e Chico sentiu a necessidade de retribuir tudo o que recebera daquele casal. Passou, então, a trabalhar duro no campo, sem remuneração, a não ser o carinho do casal. Porém, estava feliz e grato a eles.

Como em toda localidade do campo, as festas de forró eram a grande oportunidade de se divertir e de encontrar outras pessoas. Numa dessas festas, Francisco encantou-se por uma moreninha linda e alegre. De imediato, vencida a natural timidez, chamou-a para dançar. Dançaram muito e contaram suas experiências. Ela era também órfã de pai e vivia numa fazenda próxima, ajudando na cozinha. Seu nome Maria Amélia.

A festa acabou e voltaram para as suas casas, com a promessa de se encontrarem na próxima festividade. Os dias se passaram e o nosso herói se sentiria sozinho, não fosse a companhia constante de seu cãozinho, que o acompanhava por todos os lugares, que dormia a seus pés e se aconchegava nas noites mais frias. Por fim, o dia da festa chegou e eles puderam se rever e, desde então, tornaram-se namorados.

Os patrões de Chico, já um pouco envelhecidos, tinham planos para ele. Destinaram uma gleba de terra para que ele tirasse o seu sustento. Era o que faltava para que o casal de namorados se casasse. Trabalharam duro no campo e viram frutificar o seu empenho, com boas colheitas. Tudo estava correndo como haviam planejado, até que Francisco sofreu um acidente e, malgrado os poucos recursos disponíveis foi atendido. Havia quebrado a perna e deveria ficar engessado por alguns meses. Depois de tirar o gesso, por falta de fisioterapia adequada, passou a capengar, a andar com dificuldade. Seu cão não o abandonava e o seguia por todos os lados.

Um dia, Chico notou que Bob, seu cão, estava com um problema na patinha, que o impedia de correr, mas não de seguir o seu dono. Pensou em cuidar do animal e se utilizou de todos os meios disponíveis, como gelo, pomadas e unguentos. Nada deu resultado. Um amigo, Pedro, comerciante do lugar e um pouco mais esclarecido, se dispôs a levar Bob num veterinário. Feitos os exames de praxe, inclusive radiografia da patinha, o médico deu então o seu parecer.

Diga ao seu amigo, que o cão não tem nada, a não ser muito amor pelo dono. Ele está simplesmente imitando o dono, capengando como ele. É simples solidariedade.

ABC DAS LETRAS
Enviado por ABC DAS LETRAS em 25/01/2021
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