O AMOR E O CIÚME

O fato ora narrado aconteceu na década de 60, quando eu tinha 14 anos de idade e morávamos em uma Vila de Casa, localizada no bairro São Gerardo em Fortaleza, época que passei a namorar uma menina de nome EURIDES, também de 14 anos de idade, que morava na mesma vila.

O namoro tinha anuência da mãe dela, uma senhora por sinal muito educada, que era evangélica, cujo o nome não recordo. A mãe morava com o casal de filho, ou seja EURIDES e IRAN, que tinha 16 anos de idade.

O esposo era Tenente da Polícia Militar e trabalhava no destacamento no interior.

Os meninos daquela época vestia trajes típicos, ou seja eu gostava muito de usar camisa de cor branca de tecido conhecido como "volta ao mundo", com uma gravata borboleta, bermuda e botas.

Nessa época difícilmente se via um menino usando calças compridas e essa roupa eu tinha como farda ou seja era a roupa que eu usava aos domingos para ir a missa.

Como a namora EURIDES era evangélica e eu de família tradicional católica, fiz um acordo com ela da seguinte maneira: eu ia ao culto aos sábados com ela e sua mãe e aos domingos ela iria a missa comigo.

Assim, se procedeu isso todos os domingos, porém um belo dia o irmão dela, no caso IRAN não gostando de minha atitude de levar a irmã dele para assistir a missa, bem com também não era de acordo com o nosso namoro, resolveu intervir no nosso relacionamento.

Certo dia ele me chamou no local reservado e disse que eu terminasse o namoro com a irmã dele senão eu ia ver, falando em tom de ameaças, fato este que me deixou muito triste.

Participei o ocorrido a minha namorada e a mãe dela, porém, ficaram caladas, haja vista que o irmão era um pouco metido a valente.

No domingo seguinte, ele não deixou eu ir pra missa com a irmão dele, porém, eu chateado e também devido a diferença de idade, ou seja eu ainda um menino e ele um adolescente, resolvi comunicar o ocorrido e pedir ajuda a meu irmão Raimundinho (Brito), que na época estava passado as férias com os pais, haja vista que ele morava com meu avô em Quixadá.

Reunimos mais dois amigos que moravam na Vila o DEDE e o irmão dele cujo nome não recordo , que também não gostavam do IRAN e fomos conversar com ele.

Foi nessa ocasião que eu tive a oportunidade de perguntar a IRAN porque ele não queria meu namoro com a irmã dele, tendo ele respondido com arrogância:

"A irmã é minha e ela namora com quem eu quero" .

Foi nessa ocasião que eu, Rainundinho, Dedé e o irmão dele, se atracamos com IRAN, mobilizando-o, depois amarrando com uma corda e tome peia, com se diz na giria, depois desamaramos e mandamos ele ir pra casa.

Confesso que o "bichinho" ficou manso e a noite eu de peito lavado ainda fui pra casa dele namorar com sua irmão.

O modo de namoro era engraçado, eu sentava na cadeira e ela sentava em outra cadeira ao contrário, um de frente para o outro e a mãe dela pastorando, sentada a uns dois metros de distância.

Quando eu dava um beijo no rosto da morada, ela parecia que tinha pigaro na gargante, hahamm, hahamm..

Depois desse encontro cordial que tivemos, IRAN não mais interferiu no meu namoro com a irmã dele, porém, para surpresa minha ele me procurou para fazermos as pazes.

Alguns meses depois desse episódio, minha namorada EURIDES a mãe e IRAN, foram embora para o interior, aonde o pai deles estava trabalhando.

Lembro que foi uma despedida comovente, afinal eu gostava muito dela e a recíproca era verdadeira, porém não tive coragem de vê- lá partir e escrevi uma carta que dizia assim :

"Meu amor, você vai embora, vou ficar com muita "soldado" de você ", porém, não deu tempo entregar a carta.

Dias depois que a namorada foi embora, meu irmão mais velho Erivaldo, encontrou o bilhete dentro da gaveta e tirou maior "saro" comigo, porque eu havia escrito "soldado " ao invés de "saudade ".

Moral da História:

Esse CONTO nos mostra a infantilidade o respeito, que os jovens tinham naquela época.

Não ficou nenhuma mágoa de vingança entre eu e IRAN, eu procurei depois conquistá - lo e tornamos amigos.

A "peia" aqui relatada era normal aconteceu entre um jovem e outro por disputa, portanto, depois do ocorrido, era como se nada estivesse acontecido e voltavam a ser amigos.

A violência utilizando armas, praticamente não existia naquela época, havia conflito e depois se resolvia numa boa conversa.

CONTO de Edilberto Nobre baseado em fatos reais.

25.01.2021