William e Alessandra - PerfeBleu

— Não há como nada na paixão dar certo! Talvez se eu fosse bonito ou charmoso o suficiente... Quem sabe eu pudesse atrair a quem eu amo... Mas veja só, eu não tenho e nunca terei chances. Sabe quanto tempo eu fiquei gostando da Priscila? Foram 12 anos, e 12 anos simplesmente jogados no lixo. Eu fiquei 5 anos sem vê-la e sem nem saber dela. A minha vida é um ciclo ridículo de despedidas e de adeus. E eu sei muito bem que se depender da minha sorte, eu nunca mais verei Alessandra (a atual paixão dele) novamente.

E eu sinceramente espero que seja assim, sabe o porquê? Porque por mais que eu a ame, eu nunca teria o coração dela, eu sei disso e não preciso ser um gênio pra entender essas coisas.

Ao ouvir isso, Margarete, a mãe de William tornou sua feição em um misto de tristeza e condescendência. Era sua responsabilidade ajudar seu filho a se entender com seus sentimentos. Mas ao ouvir essa frase percebeu o quanto impregnada essa ideia de auto rejeição estava impregnada em sua mente. Ainda tentando o convencer a refletir sobre seus sentimentos, ela o revelou o seguinte.

- Filho, eu te entendo completamente e sei a dor que você sente. Realmente, a vida amorosa muitas vezes não é fácil, principalmente para quem sempre foi tímido como você. Mas você nunca tentou nem ao menos chegar perto da Alessandra, perguntar para ela sobre os sentimentos, ver como ela pensa.

Alessandra não é Priscila, a história não vai se repetir novamente porque ela é diferente...

O que eu não suporto, é te ver sofrendo tanto por alguém que você nunca sequer teve intimidade. Você está sofrendo mais do que eu que me divorciei, e olha que você nunca sequer beijou a Alessandra.

Realmente, o máximo que William havia chegado de contato com a Alessandra, foi quando andaram abraçados como amigos, em um dia chuvoso. Porém William era diferente, ele tinha muito amor dentro de si e era muito sensível sentimentalmente, de tal forma que seu amor reprimido o fazia sofrer demais mesmo não tendo tido contato físico com a pessoa. Em vez disso, ele alimentava uma ideia de amor platônica da pessoa, até que essa ideia começava a consumir ele por dentro, e ele acabava então se afastando da pessoa que gostava.

- Mãe, Alessandra é como qualquer outra garota. A história já se repetiu, e eu nunca mais vou vê-la de novo, eu tenho certeza disso. É o meu ciclo natural, já vi isso acontecer milhares de vezes com toda as pessoas que gostei. Ninguém fica, todos vão embora. Mesmo que eu sofra agora, ter saído da escola foi a melhor opção até que eu me livre dessa paixão, me entende? Esse sentimento é maligno, nos engana e nos enlouquece... Eu não quero mais sentir isso por ela... Eu só quero esquecer que ela existiu e continuar vivendo minha vida. Só isso...

William encerrou o assunto por ali, como se tivesse a razão. Não sabia ele que desde o princípio, sua mãe já houvera conhecido Alessandra pois frequentavam a mesma igreja, e que ela havia pedido para a garota visitar William e lhe explicou toda a situação.

"Eu sei que você é uma menina meiga e sábia, por favor, converse com meu filho ele precisa muito de você nesse momento, senão ele ficará sofrendo o resto da vida..."

Alessandra prontamente concordou. Não havia tido notícias de seu amigo por um bom tempo, ela ficou muito surpresa por ser o motivo da saída dele da escola. E então estava extremamente encorajada a tentar ajudá-lo, mesmo que apenas com palavras.

No dia seguinte, Alessandra estava do lado de fora da porta, já preparando o que iria dizer para William.

E esse nada sabia do que estava prestes a acontecer, apenas soube que receberia visita da igreja, então havia prontamente se arrumado para uma oração ou algo do gênero. Quando sua mãe abriu a porta, o coração dele quase que saiu pela boca. Lá estava, com que em uma presença angelical e apavorante, a menina que ele gostava.

Ele tremeu e tremeu, intentou fugir para seu quarto, pular a janela ou até se trancar no banheiro. Mas ela o olhava nos olhos como se soubesse de tudo, e ele simplesmente estava imobilizado pela repentina presença dela.

- William, trouxe uma pessoa da igreja para poder te visitar. Acho que vocês já se conhecem né? - Disse Margarete tentando desfarçar. Ao olhar para a reação de seu filho, que estava trêmulo e pálido de medo, por um momento pensou que trazê-la sem avisar poderia se uma péssima ideia. Ela não sabia que os sentimentos dele eram tão sérios a ponto de o fazerem tremer na base.

Felizmente Alessandra era ótima para lidar com outros seres humanos, isso pois ela era uma menina cheia de empatia e amor ao próximo. E mesmo vendo o recuar dessa forma, ainda assim sabia exatamente o que dizer para desfarçar a situação.

- William, então você estava aí o tempo todo. Por que não avisou a ninguém na escola?

Ele, em posição defensiva respondeu como que se esquivando dos questionamentos.

- Eu hmm eu acabei perdendo meu número, e também o contato de todo mundo... Mas eu avisei para os professores, eles deviam ter dito algo...

- Sério? Ninguém avisou nada, pensei que você tinha morrido, falando sério. Foi muita coincidência sua mãe ir na mesma igreja que eu e conversar comigo...

E me diz aí, em que escola você estuda agora?

- Nenhuma... (Ele poderia ter mentido, mas nesse estágio não tinha nem capacidade para inventar nada, estava totalmente alheio a presença de Alessandra.) Estou estudando em casa mesmo...

- Você vai fazer vestibular esse ano? Como vai concluir os estudos? - Continuou Alessandra a dominar o assunto.

- Vou pedir isenção, e vou prestar vestibular semana que vem para Ciência da computação... - E é exatamente nesse momento que William começa a tomar mais liberdade no assunto, e esse foi o gatilho que Alessandra esperava para poder começar a se aproximar. - E você? Vai fazer alguma faculdade?

Até esse ponto da conversa, ela já havia entrado e se sentado na mesa junto com ele. Tomou um café e continuou a prosa até que ele estivesse totalmente a vontade com a presença dela.

Ela não sairia dali enquanto não ouvisse ele se confessando para ela, e o desfecho estava a pouco assunto de se tornar real...