CONFUSÃO MENTAL

CONFUSÃO MENTAL

Sofia andava pela casa sem direção certa, saiu do quarto e foi para o banheiro, chegando lá esqueceu o que tinha vindo fazer, por via das dúvidas baixou as calças e sentou no vaso, que seu organismo se manifestasse, se fosse de seu interesse aliviar as tripas ou a bexiga. Mas nada disso aliviava o vazio que sentia, aquela sensação de impotência diante dos medos de tudo que a cercava, desde o barulho da geladeira até do pio da coruja, do prédio ao lado. Ela sentia-se totalmente abandonada por todas as pessoas, a começar pelos filhos, depois os ex-maridos, ex-namorados, tinha também os pais, os amigos, os vizinhos, todos enfim não queriam saber dela e ela alí sentada naquele vaso, quando derrepente ouviu um estampido meio surdo, arregalou os olhos e olhou em volta, com mais medo ainda, que é isso, agora já é demais, estão me atacando. Foi quando ouviu outro estrondo, esse sim, de tão alto, trouxe ela para a realidade, eram flatos e ela lembrou o que tinha ido fazer no banheiro, além de se aliviar da flatulência, tava na hora de tomar seu remédio poderoso, só ele era seu amigo, seu companheiro, seu, sei lá, só sabia que tinha que engolir uma “baguinha” daquelas e sentir-se gente de novo e acabar com sua CONFUSÃO MENTAL.