Ferrovia

Na ferrovia, restos de sonhos davam-se ao acaso numa tarde distante. 

Enferrujaram-se os trilhos e os anseios de uma vida passada. Os mesmos trilhos que recebiam os açoites das velhas rodas. 

Vagões guardavam um precioso artefato, contudo, para os olhos de quem os via, era visual aos olhos nus de uma mulher que com um olho via seus desejos despedaçando-se sobre os vagões e sua vida correndo parada. Com o outro preocupa-se com os seus. 

O trem movia-se para longe e tremia tudo ao redor: folhas que já haviam secado e o corpo da mãe que em silêncio permanecia. 

O trem partia sobre o horizonte e partia-se também a sombra que agasalhava a mãe que vigiava o sono de seus filhos. Agora em calmaria os trilhos faziam a mãe lembrar que talvez não havia mais chegada para sua trilha.

Foi quando uma mera luz tocou em seu rosto e ao desviar-se da luz, viu um pequeno felino tentando dormir sobre os trilhos. 

Ela o chamou de forma baixa e ofereceu um pequeno pedaço de um pão que estava guardado em sua mochila. O animal comendo, fez a mulher sorrir pela primeira vez durante seu turbulento dia. 

Minutos depois, moviam-se então os trilhos de forma barulhenta mais uma vez. O seu trem brotava no longo horizonte, então ela acordou seus filhos e entrou nas portas que abriam-se centímetros à sua frente. 

E no trem, o mistério da existência, vê-se a vida seguindo para frente, mais uma vez.

DaviCampos
Enviado por DaviCampos em 27/03/2021
Reeditado em 28/03/2021
Código do texto: T7217550
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