As Memórias de uma criança

Era uma noite escura, chovia muito, relâmpago cortavam o céu, e trovões estrondavam nos ouvidos, o menino seguia os passos da mãe que estava muito preocupada, pois logo a calha que tinha no meio da casa, entre o quarto e a cozinha não ia suportar o volume da água e ia vazar pelas bordas inundando a casa e molhando o guarda roupas.

E, de fato era realmente uma chuva muito forte, ela acendeu a vela santa que sempre usava em ocasiões de perigo iminente, a vela era feito de cera de abelha, depois levado á igreja para o padre benzer, era costume naquele tempo entre as pessoas religiosas o uso deste tipo de velas,

Viviam numa casa de madeira muito simples e modesta, sem energia elétrica, nem água encanada, o piso era queimado com vermelhão o qual sempre estava muito bem encerado, e, era dividida assim, logo na entrada da casa ficava um portão ao lado esquerdo, onde tinha uma pequena varanda onde em frente tinha uma janela, na parede lateral da varanda à direita, tinha uma porta que dava entrada pra sala da casa, olhando à frente avistava-se um corredor que dividia a casa ao meio que dava passagem aos quartos de um lado e outro do lado esquerdo tinha um quarto, que era da mãe, à direita tinha outro quarto que eram das meninas, logo mais à frente à esquerda outro quarto onde ficavam os meninos, e aí tinha a cozinha, todos os cômodos eram bem pequenos, na saída da porta do fundo tinha um poço onde era retirada a água pro consumo da família, tudo era muito restrito, e o telhado era feito com duas águas.

Um caimento na frente, e outro para os fundos da casa, que tinha uma emenda com uma calha, depois seguia mais um lance de telhado da mesma forma, a casa era bem compacta, e toda vez que chovia muito a calha transbordava, mas aquela noite parecia muito sombria, pois a casa iluminada somente pela claridade de uma lamparina a querosene e pela luz da vela benta que ela acabava de acender.

Tudo era assustador, quando de repente batem à porta dos fundos, o menino foi atender a viu à sua frente uma figura, alta, com uma capa preta e um chapéu, que à luz dos relâmpagos ficou muito assustador o menino saiu correndo ao encontro da mãe assustado, enquanto a figura ia entrando todo sorridente na casa reclamando da chuva forte que teve de enfrentar para chegar, ao que a mãe simplesmente o recebeu com sorriso e alegria e muito contente foi pegar a capa molhada e a mochila que ele tinha nas mãos, quando a mãe se virou pro menino pra perguntar se ele não ai pedir a bênção ao seu Pai, pois ele acabava de chegar de volta em casa,

Tenho essa lembrança em minha mente até hoje, deveria ter mais ou menos de 3 a 4 anos e foi quando lembro de ter visto o meu Pai pela primeira vez.

Foi meu herói no futuro, o qual em muitas coisas me espelho.

Carlosmerlo
Enviado por Carlosmerlo em 04/11/2007
Código do texto: T722826
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