Desventuras de Um Técnico - Temporada 2018 - Parte II - Apesar das Dificuldades, Uma Grande Campanha

Passada a euforia do título, notei a preocupação da diretoria com relação as finanças do clube que não estavam indo tão bem assim.

Embora tenha entrado nos cofres do clube um milhão e meio de reais pelo título, a série C não distribuía tanto dinheiro e correríamos o risco de entrar no negativo durante a campanha.

O presidente chamou mais uma vez a mim e a Rodrigo Arroz pra discutirmos esse assunto e resolvemos fazer um pacto de justiça chegando á conclusão que era bom manter o plantel como está sem mais nenhuma contratação em mente focando mais nos salários em dia dos jogadores.

Pelo menos por enquanto, ainda estávamos seguros nas finanças permitindo-me concentrar no jogo de estreia na Série C contra o Salgueiro e uma grande vitória em casa poderia atrair mais torcedores pro estádio.

Mas não começamos bem o jogo e os pernambucanos nos pressionaram muito na defesa, deixando-me preocupado com a pouca posse de bola.

Pensei em mexer no time ainda no primeiro tempo, mas um golpe de sorte mudou o jogo: a expulsão infantil de Ojeda por reclamação acintosa.

Ali botamos os nervos no lugar e a bola no chão pra buscarmos a vitória tão esperada por todos.

Patrick comandou as ações com um belo gol e dois cruzamentos precisos para Rodolfo Peres e Charles fazer os outros dois.

Depois fomos mais uma vez a Erechim enfrentar nossa pedra na chuteira, o Ypiranga, e planejei meu esquema pra conseguir ao menos um ponto. Ali pedi que concentrássemos um pouco mais nossas jogadas pelas laterais e orientei Dener a uma marcação especial no jovem Rubran Veiga, a estrela do time.

Apesar dos protestos dos corneteiros, insisti em Reinaldo no comando do ataque pela sua importância nas jogadas aéreas e exatamente quando o empate se desenhava, na última bola do jogo, lá estava ele cabeceando no canto e ajudando-nos a conseguir a primeira vitória contra o Ypiranga depois de tantos jogos.

A tabela era ingrata conosco e o jogo seguinte seria novamente em casa contra o ABC que era um dos favoritos ao acesso e que tinha nos dado muito trabalho nos dois jogos do ano passado.

E meus temores haviam se confirmado. Os rapazes entraram desligados demais e o ABC tomou conta do jogo nos colocando na defesa e saindo na frente com uma bela cobrança de falta de Fabinho Alves.

Fiquei louco com esse gol porque havia pedido ao pessoal não fazer faltas nas proximidades da área porque sabia que eles tinham bons batedores.

Felizmente, a resposta foi rápida com um belo golaço de Patrick em uma jogada individual e a partida ficou novamente equilibrada.

Mas não sei o que passou pela minha cabeça ao lembrar de uma frase de um filme que vi uns três anos atrás que foi o reflexo do que aconteceu a seguir. Pelo que lembro, era morrer como um herói ou viver o bastante pra virar vilão, algo assim.

Patrick havia dado uma solada sem bola em Kayke e foi expulso. Não tive escolha a não ser sacrificar Reinaldo pra compor o meio-campo colocando Nininho Braz e o menino não tremeu a perna.

Fiz as famosas duas linhas de quatro jogadores e conseguimos com sucesso manter o empate de 1 x 1, considerado bom pelas circunstâncias do jogo.

Depois do jogo, fui explicar a Reinaldo o motivo de sua substituição e notei que estava chateado por isso dizendo que estava bem na partida.

Mas havia a necessidade de provar que não estava velho pra jogar. As vezes a mídia pega pesado com alguns jogadores e isso atrapalha muito o psicológico dele.

Eu, no entanto, banco-o não só pela atitude dentro de campo como fora dele onde ajuda os meninos nos treinos com suas orientações, especialmente com seus companheiros de ataque.

Ali reparamos as arestas e foquei na preparação para o difícil jogo da Copa do Brasil contra o Bragantino lá no Nabi Abi Chedid.

Bem como o clima de guerra que teríamos que enfrentar um pouco por minha causa e um pouco por termos vencido as duas vezes que jogamos contra eles na temporada passada.

Aqui lembro-me de outro velho ditado.

Quem apanha, nunca esquece.

* * *

Tudo isso havia se confirmado. Alguns torcedores do Bragantino tentaram não nos deixar dormir com gritos, algazarra e fogos de artifício, mas André Luiz deu uma ideia até inusitada em permitir que o pessoal usasse celulares.

Por sorte, os rapazes tem o hábito de ouvir música nos celulares e os fones de ouvido bastaram para aplacar essa tentativa de intimidação.

Nesses momentos, o bom a se fazer é manter a calma e prepara-los mentalmente para o difícil jogo que teriam.

Eu teria também que enfrentar essa situação toda proporcionada pela minha recusa em treinar o Bragantino em 2016, ganhando um ferrenho inimigo pelo resto da vida.

Quando meu nome foi anunciado pelos alto-falantes, a torcida do Massa Bruta me “aclamou” por unanimidade e pedi aos dois laterais mais atenção na marcação e no apoio, não precisando sair os dois ao mesmo tempo já que o forte do Bragantino era as jogadas pelas pontas com Diego Mauricio e Esquerdinha e o bom toque de bola do meio-campo.

Dei um forte abraço em Jackson Cunha, meu comandado no Oeste, e voltei a casamata apupado pelas sociais do Bragantino de tudo quanto é nome.

Sofremos demais no primeiro tempo com as rápidas trocas de passes e pedi mais participação na marcação de Rodolfo Peres e Patrick que estavam sumidos no jogo.

Ficamos muito atrás da linha da bola e pagamos caro por isso com uma desatenção da nossa zaga que culminou no gol do Diego Mauricio.

Pra nossa sorte, o Bragantino recuou e conseguimos equilibrar as ações no segundo tempo faltando apenas um pouco mais de capricho nas finalizações.

Pra uma ameaça de descambar pra violência, o jogo foi até tranquilo demais.

No fim, fiquei satisfeito mesmo com a derrota porque gostei do desempenho dos rapazes e acredito que lá no Centenário as coisas seriam bem diferentes.

Porque pro jogo de volta teria uma grande surpresa pra eles.

Finalmente usaria meu esquema favorito.

O 4-3-3.

* * *

No jogo contra o Macaé, decidi testar esse esquema usando a princípio um sistema de “falso ponta” adiantando Sugimoto para o ataque com a função de atrair marcadores com seu drible dando liberdade a Charles e Reinaldo concluírem mais a gol colocando Maaroufi como único meia de ligação.

O time deles era muito forte na criação e escalei dois volantes com o objetivo de estancar esse ponto.

E quase deu certo.

O angolano chegou a empatar o jogo com um belo chute de fora da área depois de Eberson fazer 1 x 0 numa desatenção coletiva.

Estava bem equilibrado até Bryan acertar um chute na gaveta pra dar a vitória aos cariocas e a liderança a eles naquele ponto inicial.

Fiquei chateado pela derrota achando-o injusta pela boa atuação dos rapazes e ao mesmo tempo satisfeito pelo esquema ter funcionado mesmo com Sugimoto improvisado no ataque.

Aliás, como é bom ver esse garoto jogar, gosto muito de sua voluntariedade no drible e na sua boa finalização. O problema é que ele é um pouco esquentado, o que pode causar alguns problemas em forma de cartões.

Agora era hora de o Falcão Grená beber água e tentar reverter a vantagem do Bragantino classificando-se para a primeira fase da Copa do Brasil não apenas pela vaga em si, mas pelo dinheiro que viria como alento as finanças do clube.

Nem imaginaria que as coisas seriam ainda mais difíceis, mas compensadoras.

* * *

Depois de muito pensar nas opções que tenho no plantel, resolvi escalar Codorean na ponta-esquerda compondo o trio de ataque com Charles e Reinaldo colocando ainda Rodolfo Peres e Patrick como armadores com o objetivo de sufocar o sistema defensivo do Bragantino desde o começo.

Era muito arriscado ficar com apenas um volante sobrecarregado defensivamente, mas era a única opção que tinha devido a necessidade de vencer por dois gols de diferença.

A torcida fez sua parte lotando o Centenário e incentivando com seus cânticos, e o jogo tornou-se cada vez mais tenso a medida que o tempo passava.

O Bragantino tocava a bola com inteligência e explorava bem os contra-ataques usando a velocidade de Igor Sartori para nos colocar em polvorosa.

As esperanças de um milagre aumentaram quando Rodolfo Peres marcou de cabeça depois de um cruzamento milimétrico de Rafael Carioca e o gol nos colocou de volta no páreo levando a decisão para os pênaltis naquele momento.

Pedi aos atacantes marcarem a saída de bola do Bragantino para fazer logo o gol da classificação.

No entanto, os paulistas eram perigosos nos contra-ataques e em um deles, Diego Maurício obrigou Taguchi a uma grande defesa no cantinho.

Ali fiquei assustado porque um gol do Bragantino era nossa eliminação do torneio e perda do dinheiro.

Pensei em fechar um pouco mais a marcação colocando outro volante ao lado de Karl, mas ao invés disso, coloquei Felipe Dantas no lugar de Rodrigo Arroz que já estava cansado e desloquei Dario Rearte para a zaga arriscando tudo.

No segundo tempo, os ataques eram de parte a parte e minha substituição foi correta. O menino entrou muito bem na lateral e auxiliou muito nas jogadas de ataque do time, além de ser um dos bons batedores de pênalti que tenho no plantel.

E como previ, a decisão foi para os pênaltis mais uma vez. Mas sabia que ali a vitória seria nossa.

Onde mais uma vez Taguchi brilhou.

Ele defendeu o pênalti de Esquerdinha e acertou sua cobrança, nos colocando na frente.

Porém, Codorean acertou o travessão e deixou-me ainda mais nervoso. Os pênaltis seguiram com precisão impressionante até Jackson Cunha isolar sua cobrança e nos dar uma classificação das mais dramáticas que presenciei.

A torcida explodiu de alegria e fui no campo pra dar uma força ao garoto que tem um grande futuro.

Afinal, por mais que tu sejas bom de bola, basta um erro e a tua carreira irá por água abaixo precisando de uma incrível força mental pra se reerguer.

Tinha esperanças de que um dia esse menino jogará no Caxias tendo Jean e Léo Carioca como bons mentores pra ele.

A outra boa notícia é que a renda foi estupenda e o dinheiro que entrou com nossa classificação deu um bom respiro aos cofres da equipe, embora os salários sejam ainda nosso entrave pra melhorar mais as receitas.

Nosso próximo adversário seria o Vitória, um time muito perigoso do meio pra frente e com Rogério em excelente fase marcando gols a rodo nesta temporada.

Mas isso poderia deixar pra mais tarde porque agora era focar no nosso grande objetivo da temporada.

Voltar para a Série B de 2019.

* * *

O jogo contra o Remo foi um dos mais agradáveis de se ver e deu gosto de assistir ao show que fizeram em campo.

Uma goleada de 5 x 2 que nos deu a certeza de que estamos trilhando o caminho certo.

Patrick mais uma vez comandou as ações fazendo dois belos gols, o mais bonito deles de uma falta de muito longe no ângulo, mas a jogada que mais gostei foi o lançamento preciso que ele fez nos pés de Lucas Dantas que entrou em velocidade na área e fuzilou o goleiro em seu primeiro toque na bola.

No fim, toda a torcida nos aplaudiu de pé e confesso que fiquei arrepiado com essa cena.

E a cada rodada que passava, mais sólidos ficamos no G-4 e por consequência, tive mais tranquilidade para trabalhar, mesmo com tantos problemas financeiros.

Seria amenizado nos dois jogos contra o Vitória pela Copa do Brasil com o dinheiro já recebido da nossa classificação na fase anterior.

Fiquei sabendo de uma história interessante envolvendo o Vitória. Havia um técnico que assumiu em 2015 por poucos jogos, ajudou o time a subir pra Série A de 2016, brigou com a diretoria e demitiu-se.

O curioso é que esse mesmo técnico colocou a diretoria na justiça pedindo salários atrasados e ganhou a causa, forçando a justiça a bloquear as rendas do clube até resolver definitivamente o imbróglio.

Com isso, acabou nos prejudicando ainda mais porque a nossa parte da renda do Barradão não seria recebida.

O pior não foi isso.

Depois da primeira partida, eu é que não queria falar mais nada.

Porque cometi um erro fatal.

* * *

Às vezes, a empolgação nos cega pra realidade dando a falsa impressão de que somos os melhores.

No mundo do futebol, isso é conhecido como “já ganhou”. Vale lembrar o exemplo clássico da seleção brasileira de 1950 na Copa realizada no Brasil que entrou confiante demais contra o Uruguai e acabaram sendo derrotados em pleno Maracanã.

Acabei esquecendo-me da dura lição aprendida nos amistosos pré-temporada e escalei o time de modo bem mais ofensivo contra o Vitória tentando marcar um gol fora de casa confiando demais no jogo da volta.

E paguei muito caro por isso.

O time entrou muito mal em campo e o 3 x 0 foi até barato pra nós, principalmente depois da entrada de Willie no intervalo que desequilibrou o jogo e fez todos os passes para os gols do time, com Rogério marcando um deles.

Contribui com o desastre ao substituir Jean pelo atacante Alan Patrício, o que desarticulou ainda mais a equipe.

Ali percebi que só um milagre poderia manter-nos na Copa do Brasil e optei por priorizar a Série C onde ainda estávamos em uma sólida campanha firmes na terceira colocação.

Pelo menos a vexatória derrota foi amenizada com uma tranquila vitória sobre o CRB onde os rapazes mostraram sua qualidade do início ao fim.

Sugimoto marcou um belo gol de fora da área e Rodolfo Peres fechou o placar a seu estilo. Nem o pênalti desperdiçado por Reinaldo fez assustar-nos com alguma reação dos alagoanos, que não tiveram chances conosco.

Fomos a Natal na semana seguinte arrancando um bom empate contra o América de Natal com Clayton fazendo um gol depois de quase três anos.

Fiquei satisfeito com a atuação dele tanto marcando quanto atacando, embora Dener ainda seja meu titular de confiança.

Contudo, me deu um bom problema a resolver com relação a quem seria o primeiro volante titular e não descarto até mesmo usar os dois quando precisar jogar com três volantes.

Além disso, Clayton é um jogador bastante versátil podendo atuar na zaga e até mesmo na lateral-direita e só não está sendo mais aproveitado por causa de seu temperamento explosivo que o afastou temporariamente do time em 2016 naquela briga com Rodrigo Arroz em um treino.

O problema todo é que o dinheiro voltou a escassear com os seguidos jogos fora de casa e as despesas sendo maiores que as receitas, mesmo com a torcida nos ajudando muito com sua presença no campo e os sócios pagando em dia.

Isso criou problemas na renovação de contrato com Codorean, que pediu um pouco mais do que poderíamos pagar, mas convenci-o que se aceitasse a proposta da diretoria, teria mais chances de ser titular em um futuro próximo.

Falando em torcida, precisávamos dela mais do que nunca para o jogo de volta contra o Vitória em busca de um milagre de vencer por três gols de diferença.

Milagre esse que por muito pouco não aconteceu.

* * *

Na preleção, pedi aos rapazes que tomassem cuidado especial com Mansur e Renatinho, dois laterais que apoiam bastante enfatizando ainda a forte marcação na saída de bola pra sufocar a defesa deles retomando-a com mais rapidez.

Fazendo isso e tocando a bola com mais fluência seria a única forma de tentar reverter o resultado.

Coloquei novamente três atacantes e dois armadores e pedi a Codorean jogar com mais velocidade na ponta confiando em seus dribles pra tentar abrir a retranca do Vitória.

O primeiro tempo foi esplêndido. Colocamos os baianos nas cordas criando várias oportunidades e conseguindo dois gols em menos de 30 minutos com Reinaldo aproveitando uma boa jogada do romeno e com Patrick cobrando pênalti.

As jogadas estavam fluindo muito bem e os rapazes entenderam meu recado. Só precisávamos de mais um gol pra levar a decisão para os pênaltis e ali tinha certeza de que não perderíamos.

No entanto, conforme o tempo passava, comecei a recear de que não era mesmo nosso dia. Os rapazes ainda estavam jogando bem, mas a danada da bola teimava em não entrar.

Pra piorar a situação, Rafael Carioca e Giovani tomaram cartões bobos e fui forçado a improvisar Douglas na lateral-esquerda, o que nos fez perder um pouco do ímpeto ofensivo.

Mesmo assim, ainda tivemos uma última chance na bola aérea. Alan Patrício cabeceou na trave e no rebote, Charles cabeceou pra fora com o gol escancarado.

Foi sem dúvida uma das eliminações mais dolorosas que tive como treinador, tudo por minha culpa no jogo da ida em não ter um pouco mais de cuidado defensivo.

Mas são com erros assim que a gente aprende a crescer e a analisar melhor cada situação de jogo pra não cometer novamente.

A torcida reconheceu nosso esforço e aplaudiu o time mesmo com a eliminação da Copa do Brasil.

Agora é trocar o chip de novo pra Série C, mas com uma certeza.

Se mantivermos essa pegada e essa união, a volta para a Série B de 2019 será uma questão de tempo.

* * *

- Senhor, que história é essa que foi ventilada nos jornais que fui escolhido pra treinar a Rússia na Copa do Mundo? Não recebi nenhum contato de qualquer dirigente local.

- Mário, durante o jogo alguns dirigentes russos me procuraram para saber se tu estavas disponível pra assumir e de comum acordo, aceitei a proposta. É uma forma também de ganhar mais experiência internacional.

Não sei o que o presidente imaginou ao fazer esse acordo sem consultar-me, mas confesso que fiquei surpreso com essa reviravolta inesperada na minha carreira.

Sei que meu trabalho chamou atenção dos dirigentes do mundo inteiro, mas achei que era prematura a ida para uma Copa do Mundo.

Precisava de mais rodagem pra isso, mas o destino não quis assim.

E justamente a anfitriã daquela Copa, o que seria uma responsabilidade e tanto.

Mas não quero pensar nisso agora, porque tenho uma prioridade ainda maior.

Com um time a administrar e com uma missão por realizar apesar das enormes contas a equilibrar.

* * *

Voltamos a nossa realidade na Série C empatando em 0 x 0 com a Fortaleza em uma partida onde os rapazes não estavam com os pés calibrados desperdiçando muitas chances.

Mas o sistema defensivo mostrou-se perfeito e a partir daquele jogo, subimos ainda mais na tabela roubando a segunda colocação do CRB alicerçado com ótimas atuações nas rodadas seguintes.

Destaco aqui a fase brilhante de meus dois goleiros. Tanto Taguchi como Pietro tiveram atuações sólidas ajudando o time a conseguir pontos importantes no campeonato.

No jogo contra o ABC, Taguchi foi mais além. Não só fez grandes defesas como ainda marcou um gol de pênalti a seu estilo e quando Pietro teve sua oportunidade contra o Tupi, garantiu o empate no fim com duas defesas no mesmo lance.

Tanto foi isso que acabou sendo eleito o melhor goleiro da rodada dando-me bastante orgulho e provando o velho ditado em que onde um grande time começa com um grande goleiro.

Agradeço aqui o trabalho do Paulo Lessa, o preparador de goleiros que deixa os dois em forma e na ponta dos cascos.

E ainda tem o jovem João Ferraz, que ainda aguarda uma oportunidade para brilhar, mas é outro goleiro com grande potencial.

No meio disso tudo, os meias seguem jogando com uma enormidade incrível e contra o Villa Nova de Nova Lima, Rodolfo Péres e Patrick fizeram os gols da vitória por 2 x 0.

A defesa seguia não tomando gols e tornou-se a menos vazada do campeonato graças ao grande trabalho defensivo do Rodrigo Arroz, do Jean, dos meninos e também de Darío Rearte e Werley Vaz que jogam as vezes naquele setor não deixando o ritmo cair.

Falando nisso, a defesa passou por uma enorme prova de fogo contra o Londrina.

Tudo porque tivemos nossa própria “Batalha do Café”.

* * *

O jogo lá em Londrina foi de matar. A caixa de ferramentas foi aberta desde o início e o juiz foi completamente complacente com eles e rigoroso conosco.

A prova disso foi a expulsão injusta de Sugimoto por uma falta comum ainda no primeiro tempo e aí as coisas fugiram do controle. Na reclamação, Rodrigo Arroz tomou cartão amarelo e a polícia entrou descendo a porrada na gente sem necessidade alguma.

Mas ali vi quem era o juiz. Era o mesmo que nos prejudicou contra o Atlético Mineiro lá em 2016 anulando um gol legítimo e validando um gol inexistente dos mineiros.

Por causa dessa confusão, tive que queimar duas substituições no intervalo. Reinaldo estava com o nariz quebrado e sem condições de voltar e arrisquei colocando o Nininho e o Felipe Dantas deslocando Dario Rearte pra zaga formando assim duas linhas de quatro.

E pra piorar a situação, Charles deixou o campo mancando no início do segundo tempo e coloquei Lucas Dantas como único atacante em campo.

Depois, houve outra confusão quando Celsinho e Darío Rearte disputavam uma jogada de linha de fundo e o atacante deu um chute no colombiano que revidou com uma cotovelada no rosto, mas só Rearte levou amarelo.

André Luiz tinha sido expulso por reclamação e foi uma luta pra segurar o cara, parecia um touro brabo num rodeio.

O ambiente estava carregado demais e o empate nessas circunstâncias era um ótimo resultado.

Mas os deuses do futebol naquele dia fizeram justiça e o gol da vitória saiu no fim do jogo graças aos meninos que entraram.

Felipe Dantas fez uma grande jogada pela direita e cruzou, Nininho ajeitou de cabeça e Rodolfo Péres completou pro gol mesmo levando uma pancada na canela.

Foi uma grande vitória, mas o saldo da batalha foi ruim: Sugimoto suspenso por três jogos (um absurdo!!!), Darío Rearte e Charles com seus tornozelos inchados e Reinaldo tendo que ir pro hospital reparar o nariz quebrado.

No entanto, ninguém ficou mais feliz do que Felipe Dantas. Sua atuação em apenas 45 minutos rendeu a ele o prêmio de melhor lateral-direito da rodada, o que me deixou orgulhoso e convicto de que meu trabalho com jovens jogadores está rendendo frutos.

E com a certeza de que o time terá jogadores de grande futuro.

* * *

O rescaldo da batalha contra o Londrina fez sentir-se contra o Guaratinguetá onde tomamos um gol depois de mais de oito jogos sem ser vazado, no entanto conseguimos virar a partida graças a outra boa atuação de Patrick, mas o desgaste veio no segundo tempo e cedemos o empate no fim com Thiago acertando um belo chute de fora da área.

Não os culpo pelo empate que, pelas circunstâncias da partida e com o adversário lutando pra não cair, foi de bom tamanho.

Tanto foi isso que contra o Botafogo da Paraíba tive que trocar meio time devido ao desgaste físico e resolvi dar chance a Hernandez aproveitando-se de suas características de “falso nove”, ou seja, podendo jogar tanto de atacante quanto de meia, para confundir o bom sistema defensivo paraibano.

A estratégia funcionou a contento, mas não sem um pouco de emoções. Fomos dominados no primeiro tempo, mas resistimos bem a essa blitz apostando no cansaço dos jogadores do Botafogo cuja maioria estavam na casa dos 30 anos ou mais.

E essa aposta pagou um bom dividendo em forma de dois gols. O primeiro num pênalti grotesco do paraguaio Closa que Patrick converteu e o segundo num belo gol de Kharatin, que foi o elemento surpresa do meu ataque.

A atuação dele, aliás, foi vista pelo técnico ucraniano que o colocou na lista de convocados para a Copa do Mundo, assim como Codorean que foi convocado dias depois para a seleção romena.

Fiquei muito feliz por essas convocações, o que prova que realmente quando um técnico consegue ter o ambiente propício para trabalhar, os frutos são colhidos de forma satisfatória.

E minha aposta pessoal nas categorias de base aliada a contratação de jovens estrangeiros foi certeira e posso garantir de todo coração, que a torcida do Caxias ainda terá muitas alegrias proporcionadas por eles no futuro.

Contra o São José, foi a vez de Alan Patrício brilhar.

O menino entrou no intervalo no lugar de Charles, que havia sentido a lesão no tornozelo, e fez a festa na zaga improvisada do Zequinha com dois gols de cabeça em cruzamentos de Giovani.

Pra desespero do seu Flávio, que estava na casamata ao lado com um semblante abatido pela derrota iminente.

Nem o pênalti desperdiçado por Patrick mudou muita coisa e terminamos esta etapa na vice-liderança da Série C, mesmo com tantas dificuldades que atravessamos.

Mas o bom disso tudo é que a torcida está irmanada com o time e quem sabe posso ainda sonhar em levar o Caxias pra Série A do Brasileiro em um futuro próximo.

Deleguei as tarefas do time a André Luiz durante a parada para a Copa do Mundo, fui em casa arrumar as malas e comprar a passagem rumo a Moscou.

E para minha primeira Copa do Mundo.

Tendo um grande desafio.

De fazer uma nação inteira feliz.

CONTINUA...

MarioGayer
Enviado por MarioGayer em 14/05/2021
Código do texto: T7255405
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