A Estrela Cadente
 
Maria de Fatima Delfina de Moraes
 
     Era noite quente, uma dessas noites em que não se pode dormir sem ventilador - no quarto, em meio a uma reunião de pernilongos, Clarinha não podia dormir.
     Esperta para seus nove anos saiu da cama de fininho, pois não queria acordar ninguém, e foi até a varanda.
     A varanda era pequena, mas acomodava em um cantinho, uma linda floreira de margaridas miúdas. Havia ainda, uma mesinha redonda em madeira, e quatro cadeiras pequenas, geralmente usadas para receber visitas ou até mesmo para se tomar um pouco de ar fresco ou um café com biscoitos.
     O pai havia colocado uma luz suave, para que as pessoas à noite pudessem enxergar os quatro degraus que levavam a entrada da casa.
     Clarinha tirou os chinelos para não fazer barulho, já que o piso da varanda, em madeira um pouco gasta, fazia alguns ruídos ao contato com seus chinelinhos de sola. Sentou-se calmamente em uma das cadeiras, quando uma voz assustando-a indagou:
     - O que faz aqui fora a esta hora? Devias estar dormindo.
     Era sua avó, que igualmente sem sono, debruçou-se sob o batente para olhar o céu estrelado.
     Clarinha explicou que estava sem sono e saiu da cama porque havia muitos pernilongos e preferia ver a lua e as estrelas.
     Sua avó lhe chamou para estar mais perto e ver o céu estrelado.
     De repente, Clarinha irradiou um sorriso e seus olhinhos brilharam.      Ela disse apressada:
     - Olha lá vovó, um raio riscando o céu.
     A avó olhou e sorriu.
     Então explicou:
     - Não querida, aquilo é uma estrela cadente. Chama assim porque ela cai do céu, deixando um rastro iluminado. Dizem que dá sorte se toda vez que avistarmos uma delas, fizermos logo um pedido, só para nós, sem falar alto. E a estrela pode realizar nossos desejos.
       Clarinha achou aquilo incrível, porém já não havia tempo para fazer seu pedido.
     Passara a fugir da cama, quase todas as noites, na esperança de que nova estrela cadente surgisse. Queria pedir para a estrela lhe dar uma sandália nova.
     A estrela levou dias sem aparecer, e Clarinha acordava sempre em sua cama, sem saber direito como chegou lá.
Era bem simples:
     A avó esperava que dormisse nas cadeiras apreciando o céu e pedia ao pai que a levasse para a cama.
     No dia em que viu a estrela cadente, ela fez o pedido, mas falou em voz alta.
     A avó que ouvira o pedido da sala onde estava fazendo uma colcha de crochê apressou-se em comprar a sandália que Clarinha tanto queria.
E dois dias depois, ela saía toda faceira, com as sandálias que recebeu de presente de sua avó.
Faça você também um pedido sempre que uma estrela cair do céu, quem sabe possas ganhar um presente dos céus.
 
 
Maria de Fatima Delfina de Moraes
Enviado por Maria de Fatima Delfina de Moraes em 11/10/2021
Código do texto: T7361361
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