O DEPÓSITO BANCÁRIO

O DEPÓSITO BANCÁRIO

Mai uma vez acordo de madrugada em razão de um sonho inacabado... não, não foi um pesadelo, embora sei início não faça muito sentido. Estava eu num dormitório imenso, galpão de paredes de tábua com frestas e, lá fora, via a me observar e seguir pessoa aqui da rua, da qual não gosto nem um pouco, e que apelidamos de "malandrinho". Nesses 31 ANOS em que estamos nesta rua êle partiu de jovem de uns 15 anos a homem maduro (?!) -- nunca entendi direito tal expressão -- fazendo praticamente uma coisa só a vida inteira: levar "para passear" seu passarinho engaiolado, o "bisneto" do primeiro, suponho eu, de manhãzinha.

Mas, "voltando a fita", digo, voltando ao sonho... "pulo" do dormitório fantasmagórico para rua animada, época de Carnaval eu acho, em lugar indefinido. Encontro no chão pacote de livretos literários, amarrado com fita cor-de-rosa... retiro 1 e incentivo os demais a fazê-lo !

Pronto, estou numa cama -- na "minha casa" agora -- e batem na janela de vidro (que a casa real não tem) surgindo, ao abrí-la, 3 rostos sorridentes, a me perguntar pelo depósito. Que depósito ? O depósito bancário que eu levara até o BASA - Banco da Amazônia. Logo, "estamos em Belém" ! (Como o cérebro é bem informado (?!) sabe que, atualmente, os bancos fecham às 14 horas, no máximo, 15 horas e, com isso, conclui-se que eu dormia lá pelas 5 da tarde. Om ais jovem quer saber onde deixei o capacete dele ?!

Saímos os 4 a conversar pela rua (não a "carnavalesca") e lhes lembro que já tinha eu um trauma com esse negócio de depósito, fato real esse, que o Inconsciente "desencavou" de 1977 ou 78 e enfiou como argumento, enredo, no sonho. Usando a lógica sherlockeana argumentei que 1) não teria porque estar com o capacete do rapaz, pois eu não possuía moto e sequer andara "de carona" na dele; 2) como tinham certeza que o tal depósito fôra dado a mim e não a outra pessoa da suposta empresa, seja ela qual fôr ? (o sonho não esclareceu isso) e 3) eu não havia ido até a rua Roberto Camelier, no bairro do Jurunas, onde ficava a agência bancária, no sonho, neste caso.

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ACORDEI... faltavam dez minutos para as 2 da manhã desta terça-feira, 23 de novembro. Agora são quase 3 horas, levei exatos 60 minutos rabiscando página e meia. Preciso terminar o sonho, digo, o CONTO ?! Como tenho seguramente ao menos 1 leitor -- meu sobrinho-xará, de "Récife" -- me vejo no dever de "costurar" um final para essa sandice onírica.

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Convenci o jovem a me levar até a casa da secretária (supondo que o expediente na firma encerrara às 16 horas) para tentarmos esclarecer o "imbróglio", indo talvez na moto dele e sem capacete. Chegando lá, a surpresa: como era "feriadão" no dia seguinte, todo mundo da Empresa se apressara para ir pra casa e o pessoal do Depto de Contabilidade "se mandou" sem providenciar alguém para fazer o tal depósito. A "dinheirama" dormiria na gaveta dela até segunda-feira e ela ficaria sem dormir por igual período. Bingo, a primeira parte do "enigma" (ou dilema) estava solucionada. Restava saber onde ficara (ou com quem) o capacete do rapaz.

-- "Em que Bar vocês beberam" ?!, perguntei curioso, quase furioso, a acusação era direta demais para que eu não me aborrecesse.

-- "No AMARELINHO, claro" !, no fim da quadra da empresa... bar famoso em Belém, no Passado, nem imagino onde se localizava.

Chegamos de moto, com certeza, eu na "garupa" o que não faria na vida real, prefiro pagar um táxi. O garçom antigo veio nos receber, feliz e já contando com mais 1 gorjeta:

-- "Seu Lúcio, o senhor saiu e esqueceu aqui seu capacete... quando percebi o amigo já ía longe. Tome, aqui está" !

FIM da estória... agora, é espera a volta do sono !

"NATO" AZEVEDO (em 23/nov. 2021, 3,30hs)