Bons Amigos

Edson e Renato são dois bons amigos. Jovens, ambos de dezessete anos, são, dizem seus pais, unha e carne. A Dupla, referem-se a eles, assim, familiares, parentes e amigos. Edson, extrovertido, brincalhão, expansivo, de rosto rechonchudo, carrega consigo, desde que veio à luz, nariz empinado de ventas largas, queixo pontudo e sobrancelhas espessas. Não é feio; bonito também não é. É excêntrico. Renato, de um metro e setenta e cinco de altura, atlético, de boa estampa, é dono de olhos azuis que encantam as mulheres. É tímido, introvertido. Ninguém entende como os dois jovens se entendem tão bem. Saídos da escola, à hora do almoço, passaram pela frente de uma lanchonete. Ao ver, à mesa, na calçada, cinco mulheres, todas bonitas, quatro, sentadas, uma, em pé, duas, morenas, duas, loiras, uma, branca de cabelos pretos, Edson perguntou-lhes assim que delas se aproximou:

- Bom dia, princesas - e elas interromperam a conversa, e voltaram-se para ele. - Alguma de vocês deseja se casar com um homem pobre, burro e feio?

- Não - responderam, em uníssono, sérias, as cinco mulheres.

E Edson voltou-se para Renato, e disse-lhe:

- Danou-se, Natão. Você ficará pra titio.

Renato meneou, encabulado, a cabeça, e seguiu caminho. Edson, a gargalhar, ia-lhe logo atrás.

- Natão, você é bobo, mesmo. 'tá vermelho igual pimentão!