Barbicacho

Barbicacho.

Um homem velho vestindo bombachas muito usadas e cheias de remendos, calçando alpargatas de pano, um colete preto e o chapéu desabado, com uma gaita de botões a tira colo, encontrou lugar ao lado de um sujeito mau encarado vestindo bombachas brancas, camisa vermelha, o chapéu de abas grandes, jogado para a nuca preso por um barbicacho bem grande e muito bem feito de couro trançado com um bonito nó na ponta, o cigarro de palha no canto da boca e olhar atravessado. O gaiteiro sentou contando:

-- Dá licença? Sou Gaiteiro do Alegrete. Vou tocá em Porto Alegre na rádia, na Rádia Farroupilha...

O do barbicacho bonito sacudiu a mão e levantou resmungando:

-- Pois eu venho do Quarai e para mim aqui é um vagão de trem e não um salão de baile. Passe bem seu...

O Gaiteiro do Alegrete sacudiu a mão e resmungou:

-- Vai o Barbicacho do Quarai!

Foi procurar outro lugar.

• Texto do E-Livro: Um Cadáver no Último Vagão do Noturno de Santa Maria. “Publicado aqui no Recanto das Letras, nessa página”.

zesouzadois
Enviado por zesouzadois em 22/12/2021
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