Faz duas Horas...

Farofa da Virada de Ano Novo; ou da Santa Ceia de Natal; ou...

Quem está fora do mundo, obrigatoriamente, constrói o seu mundo particular, caso contrário, estará sob o jugo da forca do suicídio.

Um cão sarnento em uma mão; e um toco de papelão com uma frase escrita, na outra. Alguém que não é cego, a lê: "aí mano, Deus te em dobro; pois ainda respiramos e desde ante-ontem, (não) comemos! "

8h do dia 2. Poucas vistas nesta manhã de um domingo desolado. Alguns sorrisos dispersos correm para safarem-se do chuvisqueiro.

Arrastando a miniatura de cão de raça alemã, a madame desfila o corpo violado sobre os saltos 15.

Tudo fechado; ou quase tudo: as igrejas estão com as portas arreganhadas. Igrejas são indústrias de salvação; e salvar o espírito é o que todos almejam. Amém.

Se nosso português fosse aportuguesado ao português de Portugal, diríamos: Amãe!

Os sinos tilintam desesperados, devido a falta de quórum. Por certo, se não estão nas igrejas, estão nas praias exibindo o que não possuem.

Mantendo o cão na mesma mão, vira o pedaço de papelão. Alguém quem não é cego, agora lê: "farol fechado, forte e fraca fé e falsos filhotes fiéis fedorentos, iniciam com a letra "f"; falei irmão"!?

A sobrevivência é batalha, guerra insana entre os opostos. O que alivia a fome e a dor, é saber que todos os caminhos levam ao mesmo lugar; fato que encoraja pedintes, padres, beatos e cães.

Para essa caminhada, os semáforos é esperança que não se apaga nunca; e estão sempre abertos na cor verde.

Então, sigamos em frente, enrabichados um ao outro, pois o séquito saiu faz um bocado de tempo. Por sinal, os mais apressados já chegaram ao destino final.

O último a iniciar à peregrinação, não esqueça o caldeirão de farofa das sobras da Santa Ceia de Natal. Embora entre e saia gente da procissão à todo momento, precisaremos estar bem alimentados para a jornada, para a qual nós fomos ordenados.

Por sorte, em breve seremos reabastecidos de alimentos da virada de ano novo. Aliás, teremos tanta abundância de comida, que para aliviar a carga, provavelmente deixaremos parte dela pelos caminhos.

Terrível conclusão, mas na relação descompensada dos pratos da mesma balança, o excesso sobreposto em um deles, é o que falta no estômago do outro. Sim, pratos possuem estômago, intestino, coração e demais órgãos metálicos; como não?! E necessitam, sempre de reparo, manutenção, lubrificação, tanto quanto de combustível, marca e modelo "Olhares, misericordiososamente, amorosos".

E assim, lamentosos por retirar uns e deleitosos e confiantes por saber que entrarão outros tantos, seguimos avante!

P.S.: Os incompreendidos, via de regra, de uma maneira ou de outra, são silenciados.

Não tenho o que pedir, em contrapartida, tenho e muito, que agradecer e que seja dado a mim e aos povos da Terra, o que for de merecimento de cada um; pois a fé e a crença é próprio de cada um. Sigamos fortes, com saúde para realizar as tarefas diárias, primando primordialmente pela harmonia, pela pela paz universal e pela conquista coletiva.

Um ínfimo grão de areia nada será, se longe ou perto, o seu semelhante nada representa para a imensidão de dunas. Amém!

Mutável Gambiarreiro
Enviado por Mutável Gambiarreiro em 02/01/2022
Reeditado em 02/01/2022
Código do texto: T7420212
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