DESCONFIANÇA

Ele fora por muitos anos o desgosto da família. Usuário de drogas crônico, várias internações no costado, várias encrencas que alguém da família teve que resolver. Não houve quem o amasse que não fizera sofrer. A mãe dizia que ele nascera para dar desgosto.

Depois de muitos anos, já virando o Cabo da Boa Esperança, tomou prumo. Começou a viver de vender flanela no farol, alugou uma quitinete, foi comprando e ganhando algumas coisas; fogão, celular, televisão, geladeira, etc.

No fim de ano a mãe, que mãe é mãe, lhe deu mil reais. No outro dia já se arrependeu e começou, à tarde, ligar para o filho sem parar, sem que ele a atendesse. No dia três, de manhã, recebeu a mensagem:

- Desculpa mãe, é que eu saí para vender logo cedo. Eu não levo celular na rua para não ser assaltado. Quando cheguei fui dormir. Me perdoa mãe, o dinheiro que você me deu está aqui.

Depois de 12 horas acordada em angústia, a mãe dormiu, o coração leve...

Aristoteles da Silva
Enviado por Aristoteles da Silva em 02/01/2022
Reeditado em 03/01/2022
Código do texto: T7420335
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