Diário do último dia

Levanto e busco a malícia do meu singular olhar enrugado sei que sou bem menos do que fui, os defeitos naturais acordaram com mais força hoje e isso e um mau pressagio.

Tomo café com aquele primeiro cigarro, esse que mata mais que todos os outros, pra mim o melhor do dia, depois saio e caminho, círculo entre bom dias de mil anos, entre cachorros que me enchem de injúrias num linguajar que ainda desconheço, olho lentamente esses espaços inquietos entre bancas de jornais, Faço parte dessas frias e indiferentes testemunhas de um bairro esquecido.

Já é meio dia, tento ter fome mais permaneço imóvel na mesa, quieto e triste, transcorrido em meus pensamentos, não como, prefiro ficar tomando meu chimarrão, o cálido amigo que restou seu amargor é doce na dureza da solidão.

Perto das nove da noite deito, permaneço imóvel, vejo tuas tranças douradas novamente e sei que estas aqui mais linda e mais nova que antes, é visível a impaciência no teu rosto, mais todos teus detalhes me enchem de confiança , sei que me confortas com tua suavidade sem palavras, lembro do teu olhar triste e teus monossílabos que iam apagando junto com tua vida.

Meus olhos vão se apagando e a quietude é total quasse concreta, não sinto dor, e apenas minha última página .

Diego Tomasco
Enviado por Diego Tomasco em 30/01/2022
Reeditado em 15/02/2023
Código do texto: T7440867
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