MINHA VIDA DEPOIS DE TUDO

Aos 56 anos, eu ingressei no A.A., no Grupo Cariri de Campina Grande, Paraíba, e se sofrimento psíquico é parte da cultura contemporânea: Eu sou um alcoólico, um doente em recuperação.

Numa noite de quarta-feira de fevereiro de 2022; sem estrelas no céu porque se encontrava nublado e, com a bíblia nas mãos, parei diante de três homens as 21h 10 min., perguntei: “Quando haverá reunião?”, foi o começo para meu ingresso no grupo que estou até hoje, e através do programa de A.A. eu como membro estabeleci metas para eu seguir concomitantemente no intuito de sempre permanecer firme, sendo assim, vigilante, honesto comigo diante de um turbilhão de emoção e honesto ao programa de A.A. ...

Considerando a gratidão como terra fértil que me possibilita compartilhar o prazer e a alegria de ser membro do A.A., tono-me a mensagem fugral da minha história de dor e sofrimento que hoje está convertida no meu crescimento espiritual como axial da minha existência numa manifestada sabedoria em relação aos paços, tradições, conceitos e literaturas em geral,deixadas por Bob e Bill, mas, tudo é-me um esforço de unidade, serviço e recuperação, algo transcendente, que possibilita-me o meu crescimento ao lado de tantas histórias, onde me permito hoje diante da sabedoria por me encontrar serene sempre por 24 horas apenas até a surpresa da próxima reunião, um novo ser humano.

Quando eu comecei a beber, em 1984, eu não sabia da percepção do sofrimento psíquico da existência desde que o homem adquiriu consciências de si mesmo no mundo, neste niverso empírico de palavras estava eu que sempre desejava beber, apenas beber e cumprir minhas responsabilidades na Paróquia de Santo Antonio, onde eu trabalhava como office-boy para o Pe. João Collins. Na época, o álcool não era para eu uma ameaça, pois, bebia para estudar, viajar, cumprir meus trabalhos e diversão com amigos e amar depois de quase o ultimo gole.

Em 1986, eu fui para São Paulo num relâmpago, fugi de casa, fui para ninguém saber, fui morar com amigos, trabalhar e viver estupidamente como um albatroz, um algoz da vida num mergulho entre a sensatez e a embriagues, sendo escravo da luxuria entre o sacro e o profano, pois o padre havia dado-me uma missiva para eu engessar no Mosteiro de São Bento, como postulante. Mas a “Paulicéia Desvairada” me alegrava, e assim, eu era até então uma teoria da perspectiva clinica numa alegoria de estúpidas emoções que eram-me surtos, neuroses, histerismos e uma vida perdida.

São Paulo me deu o prazer e me tirou, trabalhei, e depois, perambulei pelas ruas do bairro da liberdade até Mitishui me dar um prato de comida e ajudar-me de segunda a sexta.

Depois de muito tempo, ela, Mitishui entrou em contacto com meu pai e regressei para minha terra natal em 1989, por que? Minha mãe estava doente e eu precisava de ajuda pois eu era um escravo do álcool numa cidade vazia.

Minha família me recebeu de braços abertos. E, paralelamente a minha vida santa e provada na capital paulista era apenas uma ilusão, eu ajudava na Igreja da Sé nas missas das 07h 00 e na Ordem Terceira Franciscana, trabalhei no metro como faxineiro de uma empresa terceirizada e em muitos lugares, porem, o meu lugar no momento não era mais Sampa, como dizem, e sim, Campina Grande.

Depois do falecimento da minha mãe, eu passei a cuidar do meu pai porque o meu irmão mais velho morava em Porto Velho-RO, minha irmã Lúcia, estava na Fábrica em João Pessoa, e os outros tinham suas ocupações, tive que “parar” desastradamente de beber por todos os dias eu questionava sempre o por que e entre outras drogas me anulava no álcool, e eu só me questionava porque desde criança tinha epilepsia e ausência , então, eu num súbito momento adquiro a consciência de mim mesmo, e resolvo procurar o Núcleo de Apoio Psiquiátrico da minha cidade.

Na verdade, cada momento da minha história eu tinha o intento de conceber a ideia do meu mundo ao decompor o meu sofrimento agora entre estudo, álcool, drogas e outras questões, nunca deixei os estudos, sempre eu queria mais...

Em 1990, eu vou morar em Porto Alegre, na casa de um padre, oi bom!!! Eu me centrei mais na minha anárquica pessoa. Fui porque Igreja Apostólica Romana com minha irmã Lúcia decidiram como um alento presente, depois, eu fui para o Mosteiro de Nossa Senhora do Novo Mundo no Paraná e por fim, fui estudar em Fortaleza, Seminário Teológico Pastoral do Ceará, para dar ênfase ao curso propedêutico e Teológico da Santa Sé, com Direito Canônico, Línguas Semíticas, e Patologia, eu pude ser notado e esquecido, porém, eu ao me aproximava cada vez mais do álcool e me sentir um “Deus” me perdia na minha loucura como uma soma subjetiva; No entanto, os estudos teológicos sempre foram minha fonte de pesquisa, e o meus delírios paranoicos, o meu sofrimento psíquico, foi então, o protagonista para eu ir livremente para uma ala psiquiátrica de um manicômio em 1995, por três meses, depois, o amargo regresso, outra internação de um ano, e em 2000, eu tinha o álcool como minha fé, como um breve clarão efêmero num céu da meia-noite numa alma tênue entre clinicas, hospitais e retornos, eu tinha medo da minha invisibilidade social, e minha Irmã já cuidava de eu como um jardim, porém, eu era o alcoólatra que agora em 2022 parei de ingerir bebida alcoólica só por hoje...

Sérgio Gaiafi
Enviado por Sérgio Gaiafi em 26/12/2022
Código do texto: T7680097
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