O vizinho marombado

A Cidinha vivia ameaçando se matar.

Era uma ou duas e lá estava ela em cima do banquinho com a corda no pescoço.

Cidinha. Para com essa palhaçada. Para de fazer teatro.

Não é teatro. Quero o meu piano.

Daqui há pouco vem aqui o senhor Antônio arrumar o piano. Agora desce deste banco, uma hora destas tu te desequilibra e vai mesmo para a cidade dos pés juntos.

As duas irmãs começaram a rir.

Naquele momento, a Cidinha se desequilibrou, o corpo da moça rodopiou, o banquinho não aguentou o peso e simplesmente desabou.

Cidinha ficou pendurada, roncando, sem poder respirar e foi azulando e arroxando.

Maria tentou em vão acudir a irmã, porém, não tinha porte e nem força para livrá-la da corda mortal.

Foi então que apareceu o vizinho, um sujeito marombado, que salvou a Cidinha da morte certa.

Daquele dia em diante, a Cidinha nunca mais ameaçou se matar.

Ela e a irmã não saiam mais da janela, esperando o vizinho passar.

Começou, então, uma guerra declarada entre as irmãs para ver quem ganhava, na cara e na coragem, o coração do vizinho marombado.

Ondina Martins
Enviado por Ondina Martins em 11/01/2023
Código do texto: T7692442
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