O vizinho marombado
A Cidinha vivia ameaçando se matar.
Era uma ou duas e lá estava ela em cima do banquinho com a corda no pescoço.
Cidinha. Para com essa palhaçada. Para de fazer teatro.
Não é teatro. Quero o meu piano.
Daqui há pouco vem aqui o senhor Antônio arrumar o piano. Agora desce deste banco, uma hora destas tu te desequilibra e vai mesmo para a cidade dos pés juntos.
As duas irmãs começaram a rir.
Naquele momento, a Cidinha se desequilibrou, o corpo da moça rodopiou, o banquinho não aguentou o peso e simplesmente desabou.
Cidinha ficou pendurada, roncando, sem poder respirar e foi azulando e arroxando.
Maria tentou em vão acudir a irmã, porém, não tinha porte e nem força para livrá-la da corda mortal.
Foi então que apareceu o vizinho, um sujeito marombado, que salvou a Cidinha da morte certa.
Daquele dia em diante, a Cidinha nunca mais ameaçou se matar.
Ela e a irmã não saiam mais da janela, esperando o vizinho passar.
Começou, então, uma guerra declarada entre as irmãs para ver quem ganhava, na cara e na coragem, o coração do vizinho marombado.