Coração de Lenhador

No meio da floresta está ela, alta e imponente quando sente seu tronco ardendo.

Vem um ser estranho carregando em suas mãos lâminas que dilaceram sua casca uma a uma.

Para um galpão foi levada contra sua vontade.

Onde o barulho e a dilaceração persistiam durante toda à tarde.

Até a transformar na mais linda e cara das cadeiras coloniais.

Os holofotes vieram até sua porta, onde reis estão sempre perto de ti.

Badalação, festas, reuniões intermináveis.

Nada poderia dar mais prazer a esta árvore tão nobre do que ser o centro da atenção de um reinado promissor.

Más os anos de glórias passam e sua beleza também.

Chegou a hora de ser trocada pela mais jovem.

Hoje, porém, após de anos de glória, encontra-se jogada em um depósito onde a poeira é sua companheira mais solene.

Dias após dias se passam naquele lugar escuro, frio e isolada do mundo.

Quando uma certa manhã a porta se abre e novamente uma figura adentra o galpão, só que desta vez o estranho ser mancava de uma das pernas.

Finalmente sentiram minha falta, o tempo de estrelato novamente voltou?

Mas que nada, para sua decepção um caminhão se aproxima e o estranho que mancava de uma das pernas veio em sua direção

Ao chegar mais perto, ela reconhece aquele que vem em sua direção.

Cansado e acabado pelo tempo, o mesmo ser estranho que a derrubou.

Ganha agora a vida recolhendo móveis velhos para sobreviver.

Ao recolher os móveis empoeirados observa a velha cadeira com a perna quebrada encostada ao canto.

Coloca-a no lugar mais reservado do caminhão.

Com ar de que não terá mais conserto.

Durante o caminho ele observa que restou apenas um pequeno pedaço daquela que já foi uma grande floresta.

O caminhão para e o ser estranho até então desce e apenas essa cadeira velha, empoeirada e com a perna quebrada é retirada do caminhão.

Acende um cigarro de palha e toma um café numa velha xícara de ágata azul que sempre deixava em cima do fogão de lenha.

Segura a velha cadeira com ar de saudades e arrependimento.

E ali começa a restaurá-la parte por parte.

Semanas passam, vários cigarros de palha e horas intermináveis.

Finalmente ela está toda reformada e se vê num velho espelho encostado na parede sem pintura.

Segura-a com alegria e a leva para a velha varanda onde ainda tem as árvores que permaneceram na pequena parte da floresta.

E a colocou ali entre suas irmãs.

Desculpas aceitas....

Moral da história:

A fé move montanhas se realmente acreditar que tudo é possível.

Angelo Phalconi

22/05/2019

Angelo Phalconi
Enviado por Angelo Phalconi em 09/02/2023
Código do texto: T7715580
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