A Dureza da Beleza

A loura andava elegantemente sobre o salto alto branco. Os cabelos longos e lisos tinham uma cor de loiro misturado com mel. Sua calça branca marcava bem o corpo descomunal. A loira era tão grande que não havia meio de andar sem se rebolar. Uma maravilha!

Eu estava me sentindo um detetive quando comecei a seguir aquela mulher. Eu a farejava como um cão fareja um pedaço de filé. Tinha um perfume atraente e doce. Seu cheiro impregnou no meu nariz. Eu cautelosamente andando atrás dela. Eu estava guiado por sua bunda, como se tivesse hipnotizado por tanta carne de primeira. Caminhava em passos pequenos, discretos e ágeis. Me escondia atrás de postes e rezava para que ela continuasse sempre andando.

A loura entrou em uma farmácia e eu prontamente me escondi atrás de um orelhão na frente da loja. Ela comprou algo que não consegui ver o que era e seguiu seu caminho com o mesmo rebolado ritmado. Eu continuava seguindo ela e queria saber até onde iria ela. Chamava a atenção de todos que passavam por ela pela enormidade que era seu belo traseiro.

Usava também uma blusa de costas nua que instigava muito a minha imaginação. Seus longos cabelos eram muito bem tratados e dançavam ao rebolado da mulher. Eu já estava quase babando. Queria encostar para conversar com ela, mas ela poderia assustar-se. Muitos homens deveriam fazer isso com ela e não deve ser legal. Precisava de uma oportunidade para dirigir a palavra a ela naturalmente, ao acaso.

Com meu olho observador eu consegui notar que ela carregava alguns livros encostados em sua barriga que, apesar de eu não ter visto até então, deveria ser linda. Comecei a desejar então que aqueles livros caíssem para eu puder ajudá-la a pegar e assim teria um motivo para conversar. Tudo bem que era um pouco clichê. Sempre funcionava e tinha que funcionar agora também. Eu mandava todas as minhas energias para o chão. Fazia forças mentais para que aqueles livros caíssem. E logo. Eu estava curioso demais para conhecê-la.

Foi quando, pela primeira vez, a loura se balançou no salto e para se equilibrar foi usar os braços. Pronto. Meu campo energético estava forte e apurado. Os livros se espalharam pelo chão e eu corri em direção à mulher que começava a se abaixar.

Meu encontro cara a cara com a loura se deu um pouco depois da cena dos livros. Eu olhei rapidamente o rosto daquela mulher. Consegui perceber seu sorriso. E que sorriso feio. Parecia que lhe faltava um dente tão grande que era a falha entre um dente e outro na frente. Tinha os olhos caídos e um nariz de bruxa. Sua cara era toda marcada de espinhas e era feia. Do mesmo jeito que cheguei correndo saí correndo. Fui embora para casa tentando tirar a imagem daquele rosto da minha cabeça.

Nunca mais segui mulheres de calça branca nas ruas.

Malluco Beleza
Enviado por Malluco Beleza em 10/12/2007
Código do texto: T772313
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