Decisão final

Eles não tinham nada a dizer um para o outro. Quando ele entrou, ela já estava lá. Apenas se encararam e desviaram o olhar, constrangidos. Agora, era tarde para recuar.

Ele pegou o celular e começou a mexer, tentando fazer de conta que ela não estava ali. Ela não quis imitar a ação, então pegou uma das revistas velhas da recepção.

Finalmente, uma voz soou no alto-falante sobre a porta do escritório:

- Adna, pode entrar.

Com alívio, ela largou a revista sobre a mesa de centro e entrou resoluta na porta à sua frente. Ele desviou os olhos do celular por um momento, para encarar as costas dela. Depois, remexeu-se na cadeira, desassossegado.

A espera não foi longa. Ela saiu cinco minutos depois, com um sorriso vitorioso no rosto. Passou por ele como se não existisse, e deixou a recepção.

O alto-falante ganhou vida novamente. Era a vez dele. Suspirou, e ergueu-se, pondo o celular no bolso.

De dentro do escritório, o pai o encarava, muito sério.

- Acho que já sabe qual foi a minha decisão, não é?

O rapaz fez um aceno positivo.

- Acabou a disputa - prosseguiu o pai. - Sua irmã vai assumir a filial da Cidade Baixa.

E diante do silêncio do rapaz, acrescentou:

- Encare pelo lado bom: não vai ter mais que falar com ela.

- [14-03-2023]