A vida muda menina.

O reencontro, a cura da ferida,

Duas mulheres numa pessoa só

A conexão da mãe e filha.

Machucados diferentes, dores parecidas.

Medo, solidão, angustia, indecisão

Uma adolescente, poucos anos de vida, uma década e meia é muito?

Ela se apaixona, é paixão? não sei, mas ela vai fundo e ama.

Ela ama e engravida.

E agora?

A menina agora não pode mais ser menina, agora precisa ser mulher.

Já que fez agora cria, encara o pai, encara a mãe, encara a vida.

Entre dores e lagrimas chega a Bruna – “de as boas-vindas a sua filha menina”, e naquele rostinho ela sente que a vida poderia ser colorida, cria planos e vê se cresce agora é você quem cuida daquela mini vidinha.

Arregaça as mangas menina, agora você tem uma filha.

E ela cria, engole seco o medo e tapa os ouvidos pros comentários, que doeriam menos se não fossem pelos olhares, os duros e doloridos olhares.

Mas a vida menina, ela não brinca, a vida judia.

Engole o choro menina, é só mais um dia, um grande dia.

E num desses dias uma nova noticia, uma desesperadora noticia, a menina de novo engravida.

E agora?

Morava na casa dos pais, sua irmã, sua mãe e sua filha, pra muitos era o desgosto da família, como anunciaria que outra gravidez viria?

E ela não anuncia, ela esconde, disfarça, não sabe o que fazer, só o que sabe é que se contar sua mãe a mataria.

16 anos, casa dos pais, sem emprego e um meio marido, como criaria duas filhas?

Calma menina, lembra que eu disse que vida judia? ela arranca o chão dos pés e te coloca numa posição que você nunca imaginaria.

Gravidez escondida, nove meses debaixo da coberta, para todos a menina só era mãe de uma filha.

Meses passam, o corpo muda, a barriga cresce a roupa aperta e o desespero grita.

O que ela faria? deixa pra depois, o importante agora é que ela ainda escondia, porque era como ela dizia pra si mesma, “se sua mãe soubesse a mataria.”

Mas não dá pra fugir pra sempre né?

O grande dia chega, o aperto no peito é bem menor que o da barriga, dor forte, a bolsa rompe e a contração anuncia - TA NA HORA DA CHEGADA DA LUIZA!

Do hospital pro mundo, a casa da sua mãe já não era mais a sua casa, pra lá ela não voltaria, aliás, aquela casa já foi sua um dia foi?

Não importa, ela fez o que de melhor fazia, arregaçou as mangas, e trancou a sete chaves seus medos de menina, agora além de pouca idade, pouca experiencia e zero dinheiro so restava sua garra, sua nova motivação pra conseguir, pois agora apesar de se sentir só, ela não estava mais sozinha, agora através de um laço forte e profundo o seu coração e devoção pertenciam as suas filhas.

Duas décadas e meia depois, a menina com certeza não é mais menina, agora é mulher de alma e aparência.

Se olha no espelho, seu rosto talvez não seja mais o mesmo, seu coração talvez esteja mais duro e machucado, olhe além da ruga que começa a surgir no seu rosto, olha na sua alma e diga mulher, diga pra si mesma, pra ‘quela menina:

“Você conseguiu menina, você criou suas filhas, a menina que não foi cuidada aprendeu a cuidar, a menina que não foi protegida aprendeu a proteger, a menina que antes estava só, com medo do futuro e da vida hoje é uma mulher forte e a líder de uma linda família, a sua família.

O mundo é pequeno? com certeza, menor do que ele, só a montanha russa que é a vida.