OS COVARDES DO ENGENHO

Luiz Augusto da Costa

E o navio negreiro,partiu

Carregado de angústia, tristeza e melancolia

Com Reis de congos africanos, separados

Que sequer se despediu.

Pra trás ficaram sonhos

Familiares filhos e a alegria

Recebendo o salário da chibata dos chicotes

Dos algozes do engenho que sem dó oferecia

Pestes fome e mazelas

Mortes pelo caminho

Não importando se eram mulheres donzelas

Aos covardes do engenho serviam e depois choravam sozinho

Limpadores de fezes

Tratados feito bichos

No tronco trancados e por vezes

Jogados pra morte feito lixo

E essa dívida impagável

Página que será cobrado por Deus

O sangue é vermelho igual qualquer um

Mas ao se olhar no espelho o reflexo é nenhum

E o lamento triste que no céu ecoa , feito canção entoada

De Tristeza feito oração

Demonstra que cor da pele não vale nada

E sim amor que se carrega no peito

E se distribui na estrada.